Por Tatiane Schmitz
O setor elétrico está em plena movimentação no mercado de fusões e aquisições (M&A), impulsionado pela transição energética e pela expansão das energias renováveis. A estimativa é que, em 2024, o setor de energia no Brasil movimente cerca de R$ 30 bilhões em M&A, com destaque para transações como a aquisição da AES Brasil pela Auren Energia e da Enauta pela 3R Petroleum e Maha Energy, esta última no valor de US$ 1,493 bilhões.
Em um setor altamente regulado e crítico, a análise detalhada de todos os aspectos de uma transação é fundamental. A due diligence identifica riscos, regulamentos e oportunidades que podem impactar diretamente o sucesso de uma operação. De acordo com o relatório Deal Drivers (2024), o setor de energia, mineração e utilidades registrou um crescimento de 67,9% no valor das transações, movimentando US$ 212,6 bilhões no primeiro semestre. Isso reflete o crescente apetite por ativos estratégicos, como os ligados à geração de energia renovável e redes de transmissão.
No setor elétrico, a correta avaliação (valuation) dos ativos é essencial para o sucesso das transações, especialmente em um cenário com crescente interesse de investidores locais e internacionais. Esse processo considera fatores como o cenário regulatório, a estabilidade dos contratos de compra de energia (PPAs) e a demanda crescente por fontes renováveis. Além dos métodos tradicionais, como fluxo de caixa descontado (DCF) e múltiplos de mercado, é crucial incorporar desafios específicos do setor, como a volatilidade dos preços de energia e as políticas de descarbonização. Avaliações precisas e a gestão eficaz de riscos são decisivas em um mercado em constante transformação.
Diante desses desafios, consultorias especializadas em setores regulados tornam-se parceiras estratégicas para as lideranças do setor elétrico, ajudando a maximizar o valor das transações e a minimizar riscos, trazendo mais segurança ao processo de M&A.
O Brasil, que lidera o mercado de M&A na América Latina com 747 transações no primeiro semestre de 2024, se consolida como um polo de investimentos em energia, especialmente no setor de renováveis como solar e eólica. Esse crescimento reflete o compromisso global com a sustentabilidade e a transição para uma matriz energética mais limpa.
*Tatiane Schmitz é sócia da Berkan, empresa especializada em consultoria e auditoria para setores regulados