Enquanto no Brasil, a Enel é alvo de críticas por conta do apagão iniciado na sexta-feira (11), em São Paulo, onde mais de 220 mil imóveis seguem sem energia, na Itália, as ações da companhia chegaram ao maior valor dos últimos três anos.
No fechamento desta terça-feira (15), a Enel subiu 0,46%, cotada a 7,21 euros (R$ 44,4) — maior valor desde 12 de setembro de 2021 —, na Bolsa de Valores italiana, em Milão.

A alta consolidou a Enel como a segunda maior empresa em valor de mercado na Itália, com 73,2 bilhões de euros, atrás apenas da Ferrari, que lidera com 88 bilhões de euros. Além disso, segundo o Fortune 500, em receita, a empresa é a maior da Itália e a 97ª colocada no mundo.
Apagão em São Paulo
No Brasil, como responsável pelo abastecimento de energia elétrica em São Paulo, voltou a ser foco de críticas após um forte temporal causar um apagão que afetou 2,6 milhões de pessoas, na última sexta-feira (11).
As rajadas de vento atingiram a maior velocidade desde 1995, aos 107,6km/h, superando o recorde anterior de 103,7 km/h, registrado em novembro do ano passado, segundo o site UOL.
A estimativa é de que as perdas financeiras já alcancem R$ 1,65 bilhão, segundo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP).
De acordo com o Procon, os consumidores afetados têm direito a uma série de compensações devido à falta de energia, conforme estipulado pela lei 8.987 da Constituição Federal, que garante a prestação de serviços públicos de forma contínua e eficiente.
Entre os direitos estão:
- o abatimento proporcional no valor da fatura de energia;
- o ressarcimento por alimentos e medicamentos que estragaram devido à falta de refrigeração; e
- a reparação por danos a aparelhos eletrodomésticos.
Enel tem mais de R$ 400 milhões em multas
Desde que começou a operar em São Paulo, em outubro de 2018, a Enel acumula aproximadamente R$ 400 milhões em multas impostas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o Procon. As penalidades, segundo o jornal Estadão, vão desde falhas no fornecimento até atendimento inadequado aos consumidores.
Entre as multas aplicadas, as principais são por problemas de qualidade do serviço. Em 2022 e 2023, por exemplo, o valor das multas superou R$ 261 milhões, embora a maioria esteja suspensa graças a recursos judiciais.
Governo tenta repetir caso de Goiás
O governo de São Paulo iniciou um processo disciplinar contra a Enel, analisando a viabilidade de revogar o contrato de concessão, que vai até 2028.
A pressão governamental em Goiás resultou na saída da empresa do estado em 2022. Em São Paulo, o governo tenta repetir o caso. A empresa, inclusive, já enfrentou Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI) explorando suas operações.
A Secretaria Nacional do Consumidor também impôs uma multa de R$ 13 milhões, argumentando que a empresa não conseguiu responder de forma adequada a eventos climáticos imprevistos, uma situação cada vez mais comum devido ao aquecimento global.
Plano de investimento
Com o aumento da pressão, a Enel anunciou um plano de investimento de R$ 6,2 bilhões entre 2024 e 2026. O orçamento será destinado à modernização das redes, automação de sistemas e melhorias no atendimento ao cliente, além da contratação de novos profissionais para atender às demandas emergenciais.