A Vale (VALE3) registrou um lucro líquido de US$ 2,4 bilhões (R$ 13,8 bilhões), uma queda de 15% em relação ao mesmo período do ano passado, mas acima das expectativas que previam um resultado próximo a US$ 1,8 bilhão (R$ 10,2 bilhões).
Na comparação com o segundo trimestre deste ano, a redução foi de 13%. No acumulado do ano, o lucro líquido chegou a US$ 6,8 bilhões (R$ 38,75 bilhões), um aumento de 23% em relação aos primeiros nove meses de 2023.
Nesta sexta-feira (25), as ações da Vale sobem mais de 2%, e figuram entre as maiores altas do Ibovespa, com avanço de 2,43%, aos R$ 61,15, impulsionadas pela divulgação do balanço e pelo desempenho do minério de ferro no exterior. O preço da commodity subiu 2,81% em Dalian e fechou em alta de 2,27% em Cingapura.
Principais impactos no balanço da Vale
Segundo a mineradora, o desempenho no trimestre foi prejudicado por um Ebitda Proforma menor e pelo efeito negativo das empresas coligadas e joint ventures, ligado a um potencial acordo definitivo pelo rompimento da barragem da Samarco. Esses fatores foram parcialmente compensados pela venda de 50% da sua subsidiária árabe, Vale Oman Distribution Center (VODC), para o fundo Apollo por R$ 3,4 bilhões.
O Ebitda ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi de US$ 3,7 bilhões (R$ 21 bilhões), uma redução de 21% na comparação anual e de 6% na em relação ao trimestre anterior. A margem Ebitda ajustado ficou em 38%, 4 pontos percentuais abaixo do ano passado.
A mineradora explicou que essa queda foi motivada por menores preços do minério de ferro e aumento dos custos de frete, fatores que foram parcialmente compensados pela depreciação do real e pela redução de custos.
Produção e vendas no trimestre
A produção de minério de ferro no trimestre foi de 91 milhões de toneladas, um aumento de 5% em relação ao ano anterior, com destaques para o desempenho das minas S11D, Itabira e Brucutu.
As vendas de minério de ferro totalizaram 81,8 milhões de toneladas, 2% a mais que no ano passado. Já o preço médio realizado para o minério de ferro foi de US$ 90,6 por tonelada, uma queda de US$ 7,6 por tonelada em relação ao trimestre anterior.
A produção de pelotas aumentou 13%, chegando a 10,4 milhões de toneladas, enquanto a de cobre foi de 85,9 mil toneladas, um aumento de 5%. A produção de níquel atingiu 47,1 mil toneladas, 12% maior a/a.
Provisões para Mariana aumentaram
A provisão relacionada à Samarco foi revisada para US$ 4,7 bilhões (R$ 26,7 bilhões), um aumento de US$ 1 bilhão, em função de negociações com as autoridades brasileiras para um acordo de reparação integral.
O acordo foi oficializado nesta manhã, em evento em Brasília, incluindo um montante de aproximadamente R$ 170 bilhões para cobrir danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), em 2015.
A dívida líquida da Vale foi de US$ 16,5 bilhões (R$ 94 bilhões) ao final de setembro, um aumento de US$ 1,8 bilhão em relação ao trimestre anterior, principalmente devido às provisões adicionais relacionadas à Samarco. O custo médio da dívida foi de 5,6% ao ano, uma leve redução em relação aos 5,8% do trimestre anterior.
BTG Pactual mantém recomendação neutra para Vale
O BTG Pactual manteve a sua recomendação neutra para VALE3, com preço-alvo em R$ 65. O banco reconheceu que os desenvolvimentos recentes da companhia são positivos, no entanto, manterá uma postura cautelosa, aguardando maior clareza sobre desafios futuros e o cenário macroeconômico.
Na análise, o BTG pondera que a economia da China, embora com possíveis estímulos, ainda apresenta vulnerabilidades, impactando o complexo do aço e pressionando os preços do minério de ferro. O banco ressalta que, com as ações da Vale sendo negociadas a aproximadamente 4x EBITDA para 2025 e dividend yields de 6-7%, a perspectiva de grande valorização é limitada. Além disso, o BTG projeta possíveis revisões negativas para 2025, refletindo um ambiente de preços do minério de ferro mais fraco à frente.