O dólar fechou esta quinta-feira (21) em alta de 0,77%, a R$ 5,81, alcançando o maior valor desde o início de novembro. O real foi pressionado por dois fatores principais: a aversão ao risco provocada pela escalada do conflito entre Rússia e Ucrânia e a incerteza em relação ao pacote fiscal em discussão pelo governo brasileiro.
Impacto das tensões globais
A valorização do dólar reflete, em parte, os desdobramentos da alta da moeda americana no exterior durante o feriado do Dia da Consciência Negra, quando o mercado local esteve fechado.
A notícia de um ataque com míssil balístico intercontinental pela Rússia, em resposta a ações de Kiev, elevou o clima de incerteza global, gerando maior busca por dólares como ativo seguro.
O índice DXY, que mede o desempenho do dólar frente a seis moedas fortes, chegou a ultrapassar 107 pontos, atingindo o maior nível frente ao euro desde outubro.
Cenário doméstico e atraso no plano fiscal
Internamente, o mercado segue atento à definição do pacote de ajuste fiscal, que tem sido adiado repetidamente. Em entrevista ao Broadcast, o gerente de câmbio da Nippur Finance, Rodrigo Miotto, explica que a falta de uma sinalização clara do governo aumenta a percepção de risco fiscal, impactando o câmbio.
Segundo Miotto, a concretização de um plano fiscal robusto poderia levar o dólar a recuar para cerca de R$ 5,40. Por outro lado, uma proposta considerada fraca pode impulsionar a moeda americana para patamares próximos de R$ 6.
O que esperar?
Nesta sexta-feira (22), será divulgado o relatório bimestral de receitas e despesas, que deve incluir um congelamento adicional de R$ 5 bilhões. Mais do que isso, o mercado espera medidas que garantam sustentabilidade ao arcabouço fiscal ao longo do tempo, como apontado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.