O dólar à vista encerrou a sessão desta segunda-feira (25) com queda de 0,15%, cotado a R$ 5,80. O movimento foi influenciado pelas expectativas sobre o anúncio de um pacote de medidas fiscais pelo governo brasileiro e pela desvalorização global da moeda americana, que impactou a maioria das divisas emergentes e moedas fortes.
Expectativa sobre pacote fiscal sustenta cautela
No Brasil, o foco do mercado está na divulgação de um plano de contenção de gastos prometido pelo governo. Segundo fontes, o pacote incluirá mudanças no Benefício de Prestação Continuada (BPC), salário mínimo e abono salarial, sem alterações nos pisos de saúde e educação. A expectativa é que o anúncio seja feito até amanhã.
“Com a expectativa pelo anúncio, ninguém quis formar grandes posições. Para o dólar cair abaixo de R$ 5,70, será necessária uma surpresa muito positiva”, disse Gean Lima, da Connex Capital.
Durante a tarde, o dólar chegou a tocar R$ 5,82, mas perdeu força com relatos sobre o pacote fiscal e terminou o dia em baixa.
Dólar em queda no exterior
No exterior, o dólar também recuou em relação a outras moedas, influenciado pela escolha de Scott Bessent como secretário do Tesouro no governo de Donald Trump. A indicação amenizou receios sobre a política fiscal dos EUA, levando à queda nos rendimentos dos Treasuries e à correção dos ganhos recentes da moeda americana.
O índice DXY — que mede a variação do dólar ante uma cesta de moedas fortes —, caiu 0,69%, para 106,817 pontos. Entre as moedas emergentes, o florim húngaro e o shekel israelense subiram mais de 1%, impulsionados por fatores geopolíticos, como a possibilidade de um cessar-fogo entre Israel e Hezbollah.
Petróleo e cenário de incerteza
O economista André Galhardo, da Remessa Online, apontou que a queda nos preços do petróleo, decorrente do cessar-fogo no Oriente Médio, também contribuiu para reduzir o desempenho do real. “O barril do Brent é referência para as exportações brasileiras e para a Petrobras, impactando indiretamente o mercado cambial”, afirmou.
Ainda que o anúncio do pacote fiscal brasileiro seja aguardado com otimismo, analistas destacam que o real continua vulnerável. Fatores como a valorização global do dólar e a volatilidade no mercado de commodities podem limitar o espaço para uma apreciação significativa da moeda brasileira.