O dólar à vista começou a semana em alta, renovando sua máxima histórica nominal, apesar de intervenções do Banco Central (BC) que somaram US$ 4,628 bilhões. A moeda americana fechou em alta de 1,03%, cotada a R$ 6,0934. Este foi o terceiro pregão consecutivo de valorização, acumulando ganhos de 1,54% em dezembro.
Incertezas fiscais e remessas ao exterior pressionam o câmbio
De acordo com operadores do mercado, o aumento do dólar reflete incertezas fiscais no Brasil, devido ao risco de desidratação das medidas de contenção de gastos no Congresso. Além disso, há pressão adicional com a remessa de moeda estrangeira ao exterior por parte de fundos e empresas, comum no final do ano.
No Boletim Focus, a piora nas expectativas de inflação aumentou o desconforto dos investidores, mesmo com o Banco Central indicando novas altas de 1 ponto percentual na Selic. O cenário foi agravado por declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva questionando os níveis da taxa de juros.
Intervenção do BC não contém movimento
Na sexta-feira (13), o Banco Central anunciou um leilão de linha com recompra no valor de US$ 3 bilhões. Na segunda-feira, realizou um leilão de venda à vista para conter o avanço do dólar. Em entrevista ao Estadão Broadcast, Felipe Weigt, head da Tesouraria do Travelex Bank, disse que a atuação do BC atendeu à demanda reprimida de divisas, comum no fim do ano, mas não teve como objetivo específico controlar a cotação.
Weigt destacou que muitas empresas aguardavam uma queda do dólar para realizar remessas, mas com o movimento de alta persistente, recorreram ao mercado agora, em um momento de maior liquidez.
Cenário fiscal e risco para o investidor
O risco fiscal também influencia o câmbio. Medidas de contenção de gastos, consideradas insuficientes, enfrentam um prazo apertado no Congresso, com o recesso parlamentar se aproximando. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reafirmou que trabalha para aprovar o pacote fiscal, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei Orçamentária Anual (LOA) ainda em 2024.
Porém, a reforma tributária foi colocada como prioridade para esta semana, e a Câmara ainda não definiu uma data para votar as medidas fiscais. A incerteza aumenta a percepção de risco entre investidores, que buscam proteção cambial.