O dólar à vista encerrou o pregão desta sexta-feira (20) em queda de 0,87%, aos R$ 6,07, em um novo dia marcado por leilões do Banco Central para conter a oscilação do câmbio. No ano, o real caminha para fechar com uma desvalorização acima dos 20% em relação ao dólar.
A desvalorização foi acompanhada pelo índice DXY, que mede o desempenho da moeda americana frente a uma cesta de pares fortes, com queda de 0,72%, fechando a 107,621 pontos. Apesar da retração no dia, o DXY acumulou alta de 0,78% na semana.
Intervenções do BC e cenário global
O economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, destacou que os leilões realizados pelo Banco Central ajudaram a conter a valorização da moeda americana, funcionando como uma “limpeza de balanços”.
Ele também avaliou que as recentes declarações do atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, e de Gabriel Galípolo foram bem recebidas pelo mercado.
“A situação global também preocupa, com a possibilidade de o Federal Reserve interromper os cortes de juros e até voltar a elevá-los. Além disso, a estagnação da economia chinesa é outro fator de cautela”, afirmou Borsoi.
Declarações de Lula foram bem recebidas no mercado
Declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante a tarde, contribuíram para o otimismo no mercado brasileiro. Lula reafirmou o compromisso com a autonomia do Banco Central (BC) e não descartou novas medidas de ajuste fiscal, sinalizando esforços para cumprir o arcabouço fiscal.
Lula também elogiou o futuro presidente do BC, Gabriel Galípolo, afirmando que ele será “o mais importante que o país já teve”. A partir de janeiro, Galípolo assumirá o comando da instituição.
Para Bruno Almeida, analista da Potenza Capital, a postura de Lula foi vista como positiva. “Isso é bem positivo porque uma das maiores preocupações do mercado é que o BC não cumpra o guidance de 2 altas de 1,0%. Não adianta ficar pressionando o BC se a inflação está com tendência de alta”, comentou.
Projeções para o dólar
Embora o dólar tenha registrado queda nesta sexta-feira, a moeda acumula alta de 0,70% na semana. Segundo Borsoi, a soma dos fatores internos e externos sugere que a divisa americana terá dificuldade para romper a barreira dos R$ 6 ainda em 2024.