O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou cortes significativos nos estoques globais de milho e soja em seu último relatório — especialmente nos EUA —, elevando significativamente o preço das commodities nesta sexta-feira (10).
O analista Guto Gioielli, do Portal das Commodities, comentou os cortes anunciados pela USDA, afirmando que as reduções acentuadas podem intensificar a pressão nos mercados agrícolas.
Impacto dos cortes nos estoques de milho
O USDA revisou os estoques finais de milho para a safra 2024/25 nos Estados Unidos, reduzindo a previsão de 384,64 milhões para 377,63 milhões de toneladas na passagem de dezembro para janeiro, uma queda de 11,39%.
Durante a sua análise, Guto ressaltou que qualquer problema climático no hemisfério sul pode pressionar ainda mais os preços, especialmente com o consumo global em alta.
No Brasil, as projeções da safra de 2024/25 do milho foram mantidas em 127 milhões de toneladas.
A produção mundial também foi ajustada para baixo. O USDA estimou 1.214 milhão de toneladas para a safra atual, abaixo das previsões de 1.218 milhão de toneladas. No ciclo anterior, o total foi de 1.230 milhão.
Segundo Gioielli, a menor oferta já está refletindo em altas nos contratos futuros de milho. O contrato de milho para março avançou 3,29%, a US$ 471, em Chicago nesta sexta.
Estoques de soja caem 19%
Para a soja, o corte nos estoques finais foi ainda mais expressivo. A previsão caiu de 121 milhões para 118 milhões de toneladas, representando uma queda de 19% em relação ao relatório anterior.
Guto apontou que o consumo global crescente e problemas climáticos nos principais países produtores são os principais fatores para a redução.
A produção global também foi revisada para baixo, com queda de 3 milhões de toneladas, passando de 427 milhões para 424 milhões de toneladas.
Em Chicago, os contratos de maio para a soja fecharam em alta de 2,82%, a US$ 1,026.
Outras commodities e expectativas para a safra
No mercado de trigo, Gioielli observou que as mudanças foram mais moderadas, com estoques globais praticamente estáveis e os contratos futuros operando próximo da estabilidade.
Ele também lembrou do impacto do relatório do USDA no mercado de café e petróleo, que continuam a acompanhar oscilações na oferta e demanda.
O analista reforçou que a volatilidade nos mercados de milho e soja deve permanecer alta, com atenção redobrada às condições climáticas no hemisfério sul.
