A inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) nos Estados Unidos subiu 0,4% em dezembro, fechando o ano com uma taxa acumulada de 2,9%. O resultado supera a meta de 2% estabelecida pelo Federal Reserve (Fed).
O dado mensal ficou levemente acima das expectativas do mercado, que previa alta de 0,3%, enquanto o acumulado anual veio em linha com as projeções dos analistas.
O núcleo do CPI, que desconsidera itens voláteis como alimentos e energia, avançou 0,2% no mês e acumulou 3,2% no ano, também alinhado às expectativas, mas abaixo da leitura anterior de 3,3%.
Cenário de inflação e política monetária
A inflação nos EUA acelerou no último mês de 2024, já que tanto o CPI quanto o núcleo haviam registrado alta de 0,3% em novembro. Embora o CPI não seja o índice inflacionário mais utilizado pelo Fed — que prefere o índice de Preços para Gastos de Consumo Pessoal (PCE) —, os números reforçam o debate sobre os próximos passos da política monetária americana.
Com o mercado de trabalho ainda aquecido, como apontado no relatório de empregos (payroll) divulgado recentemente, e a possível política econômica protecionista no governo de Donald Trump, o Fed enfrenta pressões para ajustar sua abordagem ao controle da inflação.
Analistas acreditam que o banco central americano pode pausar o ciclo de afrouxamento monetário em 2025. A próxima reunião do Fed, em janeiro, deve trazer maior clareza sobre as decisões de política monetária.
Reação dos mercados
O dado acima do esperado no CPI mensal pode influenciar a percepção dos investidores sobre os próximos movimentos do Fed. A inflação acima da meta tende a manter o foco em medidas que equilibrem o mercado de trabalho e a estabilidade de preços, ainda que os sinais de pausa na redução de juros estejam em evidência.
O Commerzbank avalia que o núcleo do CPI apresentou uma desaceleração positiva, indicando que o Federal Reserve (Fed) poderá cortar os juros ao longo de 2025, mas em um ritmo mais lento.
A instituição destacou que o aumento mensal de 0,4% no CPI cheio foi impulsionado por altas nos preços de energia. Contudo, o banco lembra que a trajetória da inflação pode não ser linear, especialmente diante das incertezas econômicas relacionadas à volta de Donald Trump à presidência dos EUA.
Probabilidades de cortes nos juros
Após a divulgação do CPI, o mercado ampliou as expectativas de cortes de juros pelo Fed em 2025, com junho se mantendo como o mês mais provável para o início das reduções.
Dados do CME Group mostram que as chances de um corte de 25 pontos-base (pb) em junho subiram de 42,3% para 44,3%, enquanto a probabilidade de um corte de 50 pb avançou de 13,7% para 18,7%.
Até o final de 2025, o mercado prevê 84,4% de chance de cortes em algum nível, com a maior probabilidade sendo para uma redução de 25 pb (34,1%). As chances de cortes acumulados de 50 pb cresceram de 25,5% para 30,7%. Já a probabilidade de manutenção das taxas durante todo o ano caiu de 24,5% para 15,6%.









