O dólar fechou em queda de 1,14%, cotado a R$ 5,1130. A moeda operou descolada do cenário de forte aversão global ao risco e temor de crise mundial, e foi impactada pelo forte fluxo estrangeiro no Brasil.
Segundo o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, “nos descolamos muito lá de fora, e não apenas no câmbio. O fluxo está favorecendo mais a bolsa que o próprio câmbio”.
Borsoi entende que a aproximação entre o ex-Ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva, que ocorreu na última segunda-feira, ainda surte efeito: “Se o Meirelles sinalizou apoio, é sinal de que houve alguma promessa na agenda econômica do Lula”, opina.
Além de classificar o tom do comunicado do Copom como hawkish (duro, propenso ao aumento dos juros), Borsoi adjetiva o tom do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) da mesma maneira, e alerta: “A economia mundial se aproxima de um ponto de inflexão, e estes momentos são complexos, difíceis de entender, faz com que todo mundo fique cauteloso”, contextualiza.
De acordo com o economista da Guide Investimentos, Rafael Pacheco, “o mercado está com maior aversão ao risco, o que tende a favorecer o dólar. Além disso, os juros maiores que o mercado precifica nos Estado Unidos – 4% ainda este ano -, sem perspectiva de redução em 2023, potencializam este cenário”.
Para a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, “temos a tendência global de dólar mais forte, com o DXY (cesta de moedas desenvolvidas) próximo às suas máximas históricas”.
Abdelmalack explica que os altos juros praticados no Brasil e o intenso fluxo estrangeiro tornam são fatores que tornam o Brasil atrativo: “O real é uma das únicas moedas que consegue se manter valorizada em relação ao dólar, especialmente entre os emergentes”, aponta.
Outros pontos que contribuem para este cenário doméstico positivo são a desaceleração da China, o descontrole inflacionário nos Estados Unidos e o conflito na Ucrânia, o que tornam o Brasil uma boa opção para os investidores, explica Abdelmalack.
Paulo Holland / Agência CMA
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