O mercado financeiro refletiu otimismo com o anúncio de que o ex-ministro da Economia Henrique Meirelles apoiava o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na corrida presidencial, feito nesta segunda-feira (19).
Com o movimento, o ex-presidente petista — primeiro colocado na maioria das pesquisas eleitorais — acena que busca aproximação com grandes players do mercado financeiro e do empresariado, que têm o ex-banqueiro como forte interlocutor.
Meirelles foi presidente do Banco Central durante o governo Lula, mas, depois do impeachment de Dilma Rousseff, passou a atuar como uma espécie de “fiador” do Brasil, enquanto era ministro da Fazenda de Michel Temer.
Ex-CEO do Bank Boston, ele foi escolhido a dedo por Temer para acalmar os mercados internacionais em relação à ruptura institucional causada pelo impeachment.
A missão fez dele o ministro da Economia (ou da Fazenda) que mais fez viagens oficiais, de acordo com levantamento publicado com exclusividade no Monitor do Mercado, feito pela Lagom Data.
Nos dois anos em que ocupou a pasta, Meirelles viajou 297 vezes a bordo dos jatos da FAB (Força Aérea Brasileira), sendo 65 voos internacionais. Foram 474,5 mil km — ou o bastante para dar 11,8 voltas na Terra.
Clique aqui para ver os voos dos ministros da Economia a bordo dos jatos da FAB.
Para fins de comparação, enquanto ele fez em média 9,2 voos por mês no cargo, Paulo Guedes fez 3,2; Guido Mantega fez 7,9; e Nelson Barbosa, 3,6.
A experiência de Meirelles no Bank Boston e no Banco Central do Brasil foi fundamental para que ele entrasse no governo após a mudança abrupta na política nacional, com a missão de conversar com investidores internacionais e a imprensa global, para mostrar boas perspectivas para a economia nacional.
Em julho de 2016, Temer já preparava um “road show” internacional, anunciado pelo então ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha. A ideia era justamente aprofundar negócios e acabar com dúvidas sobre a possibilidade de novas rupturas institucionais, que têm o condão de afastar investidores.
Além disso, afirma a professora Elaini Gonzaga da Silva, houve um grande esforço para combater, internacionalmente, a narrativa de que ocorrera um golpe de Estado no Brasil. “Como os petistas passaram a fazer denúncias à mídia de outros países e a órgãos internacionais, houve uma mudança na estratégia de comunicação do governo Temer, para criar uma ‘contranarrativa’ também nesses espaços”, explica.
O ex-ministro Henrique Meirelles concorreu a presidente em 2018, quando foi derrotado por Jair Bolsonaro. À época, Meirelles tentou emplacar o slogan “Chama o Meirelles”.
Imagem: Rovena Rosa/Agência Brasil