Nesta terça-feira (21), a AgroGalaxy (AGXY3), que está em recuperação judicial desde setembro de 2024, assinou um memorando para a venda de uma carteira de dívidas de clientes que envolve cerca de R$ 760 milhões em valores vencidos, que ainda não foram levados à Justiça.
A operação está em fase inicial e ainda depende de auditoria, autorização judicial e aprovação de terceiros, informou a empresa em fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
De acordo com Luiz Conrado Sundfeld, diretor financeiro e de relações com investidores, o objetivo da venda é melhorar a estrutura de capital e viabilizar a recuperação econômica.
Esses recursos são essenciais para normalizar as operações e negociar melhores condições com fornecedores, explicou o CEO Eron Martins, em entrevista ao Estadão Broadcast Agro, ontem (20).
Medidas para reforçar a liquidez
Além da venda da carteira de dívidas, a AgroGalaxy já havia anunciado outras medidas para aumentar sua liquidez. Uma delas é a retomada do Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) Terra Magna, suspenso desde o início do processo de recuperação judicial, que permite à empresa antecipar recursos com base em títulos emitidos por produtores rurais, como as Cédulas de Produto Rural (CPR).
Momento difícil
Atualmente, a AgroGalaxy possui R$ 4,6 bilhões em dívidas e registrou um prejuízo líquido ajustado de R$ 1,58 bilhão no terceiro trimestre de 2024, um aumento significativo em relação ao mesmo período de 2023.
Como resposta ao momento difícil, a empresa adotou medidas drásticas, fechando metade das lojas e a reduzindo em 40% o número de funcionários, com o intuito de melhorar a eficiência operacional.
Tentativa de reestruturar a confiança
O plano de recuperação também busca reestruturar a confiança dos credores e parceiros. Segundo o que foi apresentado pela AgroGalaxy em dezembro, grandes fornecedores terão prazos de até 13 anos para receber, enquanto pequenos produtores e trabalhadores terão condições mais favoráveis.
Caso você não esteja entendendo o motivo da desconfiança, tudo começou no ano passado, quando a gigante do agronegócio esbanjou otimismo e confiança em apresentação para investidores, mas, um mês depois, pediu recuperação judicial e disse não ter dinheiro para honrar suas dívidas.
O acontecimento, que pareceu uma piada de mau gosto, foi assunto do podcast Ligando os Pontos, produzido pelo Monitor do Mercado. Veja o vídeo na íntegra: