O dólar comercial fechou em alta de 1,80%, cotado a R$ 5,1890. A moeda norte-americana ganhou muita força após a divulgação da inflação norte-americana de agosto ante julho ter ficado em +0,1%, acima das projeções de -0,1%, e acendido o alerta para uma provável postura mais dura do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).
O economista da Guide Investimentos, Rafael Pacheco, observa que o núcleo da inflação que exclui alimentos e energia – “foi bem ruim”, sendo o dobro do resultado esperado (0,6% ante 0,3%), o que mostra uma inflação bem disseminada: “Naturalmente teremos um Fed mais duro”, opina Pacheco.
De acordo com o economista-chefe do Banco Alfa, Luis Otavio Leal, “o mercado está caindo na real, e o CPI (índice de preços ao consumidor, na sigla em inglês) surpreendeu para cima. Não fazia o mínimo sentido achar que o Fed podia cortar os juros já no primeiro semestre de 2022. Foi um choque de realidade tanto lá fora quanto lá dentro”.
Leal acredita que até a próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) e Comitê de Política Monetária (Copom), que ocorrem na próxima quarta, o câmbio e o mercado devem apresentar volatilidade, e aproveitar para corrigir alguns exageros dos últimos dias.
Para a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, “no raio-x da inflação, a gasolina teve queda de 10,60%, no comparativo entre agosto e julho, mas não foi suficiente para causar deflação. Alimentação no domicílio, conta de gás e energia elétrica e, principalmente, serviços continuam altos”.
Abdelmalack explica que o resultado não foi um banho de água fria, mas desanimador, e que um aumento de 0,75 ponto percentual (pp) na reunião do Fomc já é consensual: “A leitura da inflação de serviços, que teve alta de 6,1% no acumulado de 12 meses, mostra que o cenário será desafiador para o Fed”, analisa.
Paulo Holland / Agência CMA
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