O dólar comercial fechou a R$ 5,201 para venda, com valorização de 1,76%. O mau humor externo e a formação da Ptax determinaram a elevação da moeda-americana, que fechou agosto com alta de 0,54%. Os temores com uma recessão global e ciclos agressivos de aperto monetário voltaram a ser os fatores decisivos para a sustentação do dólar frente ao real.
Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, lembrou que desde o simpósio de Jackson Hole o mercado está preocupado com a magnitude do ciclo de aperto monetário. “Ainda há uma grande preocupação com a magnitude inflacionária”, disse. “Os dados do mercado de trabalho, mesmo com a decepção na criação de postos, não convenceram de que o FED será mais dovish em relação ao discurso. O clima global é de aversão ao risco”, completou.
O setor privado dos EUA criou 132 mil empregos em agosto, menos da metade do esperado pelo mercado, que era de 288 mil vagas de trabalho.
A Levante, em relatório, acrescentou que mais dirigentes do Fed vieram a público para manter o tom duro do discurso de Jerome Powell em Jackson Hole. “Dessa vez, foram Thomas Barkin (Richmond), Raphael Bostic (Atlanta) e John Williams (Nova York), que reiteraram a necessidade de subir bem mais os juros, até que os juros reais alcancem o território positivo para que a inflação ceda”.
Internamente, a formação da Ptax ajudou a impulsionar a moeda. A Ptax é uma taxa de câmbio calculada pelo Banco Central. No fim de cada mês, agentes financeiros costumam tentar direcioná-la para níveis mais convenientes às suas posições, sejam elas compradas ou vendidas em dólar.
Mais cedo, Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, já alertava que “no último dia do mês tem toda aquela batalha pela taxa de câmbio final. Por enquanto, ela está sendo pressionada para cima, o que pressiona também a inflação”, explicou na parte da manhã.
Dylan Della Pasqua e Pedro de Carvalho / Agência CMA
Imagem: piqsels.com
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