A China deu início à construção de uma hidrelétrica que promete ser a maior do mundo, localizada no curso inferior do Rio Yarlung Zangbo, no leste do planalto tibetano. Este projeto ambicioso tem o potencial de afetar milhões de pessoas na Índia e em Bangladesh, gerando preocupações sobre o impacto ambiental e geopolítico na região. Estima-se que a nova barragem possa produzir 300 bilhões de quilowatts-hora (kWh) de eletricidade por ano, superando em muito a capacidade da atual maior hidrelétrica do mundo, a Barragem das Três Gargantas.
O projeto é parte de uma estratégia mais ampla da China para atingir suas metas de pico de carbono e neutralidade de carbono. Além disso, a construção da barragem deve impulsionar indústrias relacionadas, como engenharia, e gerar empregos no Tibete. No entanto, a magnitude do projeto levanta questões sobre os desafios de engenharia e os impactos socioambientais na região.
Quais são as maiores hidrelétricas do mundo?
Atualmente, as maiores hidrelétricas do mundo desempenham um papel crucial na geração de energia renovável. A Barragem das Três Gargantas, localizada no Rio Yang-tsé, na China, lidera a lista com uma capacidade de 22.500 megawatts (MW). Em segundo lugar, a usina hidrelétrica de Baihetan, também na China, possui 16 unidades geradoras, cada uma com capacidade de 1 milhão de quilowatts, totalizando uma capacidade impressionante.
A Usina Hidrelétrica de Itaipu, situada na fronteira entre Brasil e Paraguai, foi a maior do mundo até 2012, com uma capacidade de 14.000 MW. Outras notáveis incluem a usina de Xiluodu, na província de Sichuan, China, com 13.860 MW, e a Usina de Belo Monte, no Brasil, com capacidade para 11.233 MW.

Quais são os desafios e impactos da nova barragem no Tibete?
A construção da nova barragem no Tibete apresenta desafios de engenharia significativos, devido à topografia acidentada da região. Uma seção do rio possui uma queda de 2.000 metros em apenas 50 quilômetros, oferecendo um potencial hidrelétrico considerável, mas também desafios únicos. O custo do projeto, incluindo engenharia e reassentamento de comunidades, deve superar o da Barragem das Três Gargantas, que custou 254,2 bilhões de yuans.
Além dos desafios técnicos, a construção da barragem levanta preocupações sobre o impacto ambiental e social. Índia e Bangladesh expressaram preocupações sobre como o projeto pode alterar a ecologia local e o fluxo do rio rio abaixo. O Yarlung Zangbo se transforma no rio Brahmaputra ao deixar o Tibete, fluindo para a Índia e Bangladesh, onde desempenha um papel vital no abastecimento de água e na agricultura.
Como a China está lidando com as preocupações internacionais?
As autoridades chinesas afirmam que os projetos hidrelétricos no Tibete, que detêm mais de um terço do potencial hidrelétrico da China, não terão um impacto significativo no ambiente ou no abastecimento de água a jusante. No entanto, a falta de transparência e comunicação com os países vizinhos gera tensões geopolíticas.
A China já iniciou a geração de energia hidrelétrica nos trechos superiores do Yarlung Zangbo e planeja mais projetos rio acima. A colaboração e o diálogo com Índia e Bangladesh serão essenciais para mitigar os impactos transfronteiriços e garantir a sustentabilidade ambiental da região.