O gestor da Esh Capital, Vladimir Timerman, foi condenado à prisão por usar seu perfil na rede social X (antigo Twitter) para perseguir o empresário Nelson Tanure. Davi Tangerino, advogado de Timerman, se diz espantado com a decisão, alegando que ela criminalizaria denúncias e cobranças públicas de acionistas minoritários.
A sentença, publicada nesta terça-feira (18), determina o cumprimento de 1 ano, dez meses e 15 dias de prisão, uma vez que Timerman teria usado sua conta no X para “pressionar, constranger, atemorizar e causar efeito manada no mercado, com criminosa repercussão na vida das pessoas”.
De acordo com a juíza Eva Lobo Chaib Dias Jorge, da 12ª Vara Criminal de São Paulo, o gestor da Esh Capital foi enquadrado no artigo 147-A, do Código Penal, pela perseguição por longo e extenso período. Na sentença, são citadas outras vítimas, além de Tanure, ofendidas, atacadas, ameaçadas e perseguidas pelo gestor entre dezembro de 2021 e fevereiro de 2023.
Tanure foi representado pelos advogados Pierpaolo Bottini e Pablo Testoni.
A pena de reclusão foi substituída por prestação de serviços gratuitos em entidades beneficentes durante o período da pena, na frequência de oito horas semanais. Em caso de descumprimento, Timerman deverá cumprir pena privativa de liberdade em regime aberto.
A defesa do gestor diz confiar na reversão da decisão, apontando que ele não adentrou a esfera da liberdade de Tanure. “Nunca ligou, mandou mensagens, o procurou em locais públicos ou privados. Nada”, diz o advogado Davi Tangerino. Para ele, a sentença restringe a garantia à liberdade de expressão, garantida pela Constituição.
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Disputa entre Nelson Tanure e Vladimir Timerman é antiga
Os primeiros embates entre Vladimir Timerman e Nelson Tanure são antigos e estão ligados à participação na construtora Gafisa. Em 2023, ambos possuíam participações relevantes na empresa, o gestor da Esh Capital possuía 15%, enquanto Tanure era acionista majoritário (30%).
Ao aumentar a sua participação acionária, Timerman começou a buscar por mudanças na administração da construtora. A principal queixa era de que a gestão da empresa causava prejuízos à Gafisa.
Na época, o Conselho de Administração da Gafisa chegou a entrar com duas queixas-crime contra Timerman, alegando que ele “praticava inúmeras manifestações criminosas e contra a honra”.
A briga, então, avançou também para a Alliar, outra empresa na qual Tanure é acionista de referência.
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Briga impactou mercado financeiro
Entre os argumentos utilizados pela defesa de Nelson Tanure, estão os prejuízos causados na operação de aquisição do controle da ALLIAR, atualmente conhecida como Alliança Saúde e Participações.
Tanure afirma que buscará o ressarcimento do prejuízo multimilionário que a perseguição praticada por Vladimir Timerman causou. Em 2021, após declarações de Timerman, as ações da ALLIAR despencaram 20% na Bolsa, diz a defesa do empresário.
Mudança em prazos de resgate da Esh
Em janeiro de 2024, chamou a atenção do mercado como, em meio à queda de braço com a Gafisa e outras empresas nas aquis seu fundi tinha participação, a Esh Capital, de Timerman, mudou a liquidez de seu fundo Esh Theta 18 de D+18 para D+720. Ou seja, o tempo de espera entre a solicitação de resgate e o recebimento do dinheiro por seus cotistas foi de praticamente 3 semanas para 2 anos.
A mudança é drástica e surgiu num contexto turbulento para a gestora Esh Capital. Nos 12 meses anteriores à mudança, o valor da cota do fundo havia caído quase 50%.