O dólar à vista teve uma queda de 1,54% em relação ao real no dia de hoje, atingindo a marca de R$ 4,8963. Esse movimento acompanhou o rali de ativos de risco que foi desencadeado por indicadores que mostraram um esfriamento do mercado de trabalho nos Estados Unidos, consolidando a aposta de que o ciclo de aperto monetário no país está chegando ao fim. Esse cenário se sobrepôs às preocupações com a situação fiscal interna, levando o dólar à sua menor cotação de fechamento desde 20 de setembro (R$ 4,8802). Na semana, a moeda americana registrou uma queda de 2,33%.
Impacto global e desempenho no Brasil
No mundo, o dólar americano perdeu força, tanto em relação a moedas de países desenvolvidos – com o índice DXY operando em torno de 105.000 pontos, uma queda próxima a 1% – quanto em relação a moedas de países emergentes, como o peso chileno (-1,44%) e o peso mexicano (-0,34%).
No Brasil, o dólar operou em queda durante toda a sessão, variando entre a máxima de R$ 4,9339 (-0,79%) e a mínima de R$ 4,8769 (-1,93%), atingindo também o menor nível intradia desde 20 de setembro.
Indicadores do mercado de trabalho nos EUA
O rali dos ativos de risco foi impulsionado pelo relatório do payroll americano, divulgado nesta sexta-feira, após o mercado doméstico ter permanecido fechado devido ao feriado de Finados. O Departamento de Trabalho dos EUA anunciou a criação de 150 mil empregos em outubro, um número bem abaixo dos 183 mil esperados pelos analistas. Além disso, a taxa de desemprego aumentou para 3,9% no mês, superando o consenso de 3,8%.
Perspectiva para o fim ciclo de aperto monetário
Esses dados consolidaram a ideia de que o Federal Reserve (Fed) provavelmente encerrou o ciclo de aperto monetário, uma vez que o banco central americano decidiu manter as taxas de juros do país entre 5,25% e 5,50% pela segunda vez consecutiva na quarta-feira (1). A probabilidade de um aumento de 25 pontos-base em dezembro, embutida na curva das Treasuries, caiu de quase 20% ontem para menos de 5% hoje, de acordo com o CME Group.
Impacto na política monetária brasileira
“O dia foi totalmente influenciado pelo payroll”, explicou Marcos Weigt, chefe da tesouraria do Travelex Bank. “A taxa das Treasuries caiu significativamente, a aversão ao risco diminuiu e, como resultado, todo o mercado se fortaleceu, levando o real a se alinhar com outras moedas.”
Além disso, Fabrizio Velloni, economista-chefe da Frente Corretora, destacou que o comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) de novembro também contribuiu para sustentar os ganhos do real. Analistas avaliaram que as preocupações com a situação fiscal e o ambiente externo sugerem um risco de uma taxa Selic final mais alta, o que resultaria em uma diminuição menor da diferença de juros entre o Brasil e os EUA.
Velloni afirmou: “A política monetária brasileira está na direção oposta à do Fed, o que levou o real a se desvalorizar mais do que outras moedas. A tendência era de diminuir a diferença entre as curvas, mas agora, com a indicação de estagnação das taxas de juros americanas e a probabilidade de cortes menores no Brasil, podemos atrair investimentos e reduzir a pressão sobre o dólar.”
Resultado do fluxo cambial brasileiro
Hoje, o Banco Central anunciou que o fluxo cambial para o Brasil foi positivo em US$ 1,930 bilhão em outubro até o dia 27, conforme dados preliminares. Em setembro, houve uma saída de US$ 1,665 bilhão. O fluxo cambial acumulado no ano é positivo em US$ 22,590 bilhão, de acordo com informações da autoridade monetária.
Com informações do Broadcast
Imagem: Piqsels