A sugestão dada pelo vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, de que o Banco Central (BC) altere o cálculo da inflação — levando em conta fatores externos — para definir a taxa de juros soou mal e causou uma crise no mercado financeiro, que precisou ser contida às pressas.
O comentário foi interpretado pelo mercado como uma maneira de afastar novamente a responsabilidade do governo, além de mostrar um distanciamento entre vice-presidente e o Partido dos Trabalhadores (PT).
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Diante da repercussão negativa, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, precisaram esclarecer que o governo não pretende alterar os critérios de cálculo da inflação. Além disso, explicaram que a conta considera diferentes indicadores e segue critérios técnicos.
No novo episódio do podcast “Ligando os Pontos”, Marcos de Vasconcellos, CEO do Monitor do Mercado, explica a controversa e traça um paralelo entre a postura atual de Alckmin e sua atuação anterior como governador de São Paulo. Confira:
Entenda a proposta de Alckmin
A proposta de Alckmin sugere que o Banco Central considere somente os fatores que podem ser controlados pela política monetária, como o consumo e o crédito, desconsiderando fatores externos, como a guerra na Ucrânia e secas que afetam a produção agrícola.
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Como funciona a política monetária hoje?
O Banco Central define a taxa Selic com base na inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Quando a inflação está alta, os juros são elevados para desestimular o consumo e reduzir a pressão sobre os preços.
O Comitê de Política Monetária (Copom) não analisa apenas o IPCA cheio, mas diversos núcleos de inflação. A única coisa que a conta exclui são variações pontuais em itens mais voláteis, como alimentos e energia, para avaliar a tendência de médio e longo prazo.
