A inflação oficial brasileira, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,56% em março, no maior patamar para o mês desde 2003, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O resultado veio levemente acima da mediana das projeções de mercado, que apontava alta de 0,54%, com estimativas variando entre 0,46% e 0,59%.
Com isso, o IPCA acumulado no ano atingiu 2,04%, e, no acumulado de 12 meses, chegou a 5,48%. Também nesse recorte, o número ficou acima da projeção central de 5,46%, cujo intervalo ia de 4,83% a 5,52%.
Alimentos pressionam inflação
O grupo “Alimentação e bebidas” foi o principal responsável pela alta no mês, com aumento de 1,17%, frente à variação de 0,70% registrada em fevereiro.
As principais altas foram no tomate (22,55%), café moído (8,14%) e ovo de galinha (13,13%), sendo que o café já acumula uma alta de 77,78% no ano. Esse grupo contribuiu com 0,25 ponto percentual do total de 0,56% do IPCA de março.
A alta foi puxada principalmente pela alimentação no domicílio, que subiu 1,31% no mês, contra 0,79% no mês anterior. A alimentação fora do domicílio também acelerou: 0,77% em março, ante 0,47% em fevereiro.
Transportes também impactam o índice
O grupo “Transportes” teve alta de 0,46% em março, contribuindo com 0,10 ponto percentual no IPCA do mês.
Os combustíveis foram destaque dentro do grupo, também com avanço de 0,46%. A gasolina subiu 0,51%, enquanto o etanol teve alta de 0,16%. Em fevereiro, essas variações haviam sido maiores: 2,78% e 3,62%, respectivamente.
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Mercado prevê Selic mais alta
A Capital Economics projeta que a inflação em 12 meses pode acelerar para 6%, o que, segundo a consultoria, exigiria mais dois aumentos de 0,75 ponto percentual na taxa Selic — atualmente em 14,25% ao ano.
A consultoria destaca que a inflação acumulada foi a mais alta em quase dois anos, impulsionada por alimentos e transportes.
Núcleo de inflação segue elevado
Para o economista Leonardo Costa, da ASA Investments, o resultado qualitativo do IPCA de março foi pior que o IPCA-15 (prévia do índice), devido à reaceleração nos preços de bens industrializados.
Ele chama atenção para o núcleo de serviços, que segue elevado. O núcleo representa uma medida de tendência da inflação, excluindo itens voláteis como alimentos e combustíveis. Segundo Costa, esse núcleo apresenta alta de 7,9% na média móvel trimestral dessazonalizada — bem acima do teto da meta de inflação, de 4,5%.
A expectativa do economista é de que os núcleos desacelerem no segundo trimestre, especialmente com a queda na inflação de alimentos, o que deve refletir sobre os serviços de alimentação.