O Banco Central Europeu (BCE) reduziu nesta quinta-feira (17) suas principais taxas de juros em 25 pontos-base, em meio à desaceleração da inflação e à crescente incerteza provocada pela política tarifária do governo dos Estados Unidos.
Com a decisão, a taxa de depósito caiu de 2,50% para 2,25%, a taxa de refinanciamento foi reduzida de 2,65% para 2,40%, e a de empréstimos recuou de 2,90% para 2,65%. A medida dá continuidade ao ciclo de relaxamento monetário iniciado em junho de 2024, totalizando sete cortes consecutivos.
Impacto das tarifas e inflação controlada
A redução ocorre no momento em que a Zona do Euro enfrenta novos desafios externos. O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou tarifas sobre produtos europeus como aço, alumínio e automóveis, além de ameaçar uma tarifa geral de 20% para bens do bloco.
No cenário interno, a inflação ao consumidor da zona do euro caiu para 2,2% em março, se aproximando da meta de 2% definida pelo BCE. A autoridade monetária avaliou que o processo de desinflação está “bem encaminhado”, com moderação nos salários e absorção parcial do aumento de custos pelas margens de lucro das empresas.
Sem trajetória definida para os juros
No comunicado da decisão, o Banco Central Europeu retirou referências à política monetária restritiva e reafirmou que suas decisões continuarão sendo baseadas nos dados mais recentes, avaliadas reunião a reunião.
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A presidente do BCE, Christine Lagarde, reforçou esse posicionamento na coletiva após o anúncio ao afirmar que o cenário segue “obscurecido por excepcional incerteza”, mas que há sinais de estabilização na indústria e na economia do bloco.
Segundo Lagarde, a política monetária seguirá cautelosa diante das tensões geopolíticas e comerciais, com os consumidores reduzindo gastos e empresas enfrentando novas barreiras ao comércio.
Trump pressiona Fed após corte do BCE
A decisão do BCE foi comentada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, que voltou a criticar o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell. Em publicação nas redes sociais, Trump afirmou que o Fed está “atrasado e errado” ao manter os juros elevados enquanto o BCE promove cortes.
Trump defendeu que os juros nos EUA deveriam ter começado a cair há mais tempo e sinalizou que pretende substituir Powell. Segundo o secretário do Tesouro, Scott Bessent, Trump está discutindo novos nomes para o comando do Fed, com a intenção de iniciar entrevistas nos próximos seis meses.
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Expectativa por novos cortes
Para a consultoria britânica Capital Economics, o BCE pode promover novos cortes nas próximas reuniões. A empresa projeta reduções adicionais nas taxas em junho e julho, apesar da ausência de um compromisso formal por parte da autoridade monetária.
A Capital Economics destaca que o BCE tem adotado uma abordagem dependente de dados e que o cenário atual, marcado por tensões comerciais e inflação moderada, favorece a continuidade do afrouxamento monetário.