A Agência Internacional de Energia (AIE) alertou hoje que a Europa deve tomar medidas imediatas para reduzir o consumo de gás antes do inverno no hemisfério norte, instando os governos a limitar o uso de ar condicionado e começar a leiloar gás para a indústria ou arriscar racionamento durante os meses mais frios.
O diretor executivo da AIE, Fatih Birol, propôs cinco medidas de emergência destinadas à indústria, ao setor da eletricidade e do gás e aos governos da União Europeia (UE) para coordenar a ação, mas também aos consumidores para reduzir a temperatura do aquecimento e aumentar a temperatura do ar condicionado.
“Os últimos movimentos da Rússia para reduzir ainda mais os fluxos de gás natural para a Europa, combinados com outras recentes interrupções no fornecimento, são um alerta vermelho para a União Europeia”, escreveu Birol em um relatório.
Ele disse que, embora os preços altos já tenham contido algum consumo, “reduções adicionais significativas são necessárias para preparar a Europa para um inverno difícil pela frente”.
Segundo Birol, a Europa deve agora fazer “tudo o que puder” para reduzir o risco de cortes e racionamentos no inverno “quando os cidadãos mais vulneráveis menos se podem dar ao luxo de passar sem o mesmo” e sem abandonar o rumo da transição energética.
Para isso, ele propõe cinco pontos de ação: introduzir plataformas de leilão para incentivar os utilizadores de gás industrial da UE a reduzir a procura energia incluindo mecanismos de redução de picos padrões e controles de resfriamento e, por fim, harmonizar o planejamento de emergência em toda a UE a nível nacional e europeu.
“Se tais medidas não forem implementadas agora, a Europa estará numa posição extremamente vulnerável e poderá enfrentar cortes e reduções muito mais drásticas mais tarde”, adverte Birol.
O diretor da AIE reconhece que foram feitos progressos na procura de gás de outros países produtores, mas considera que “não é suficiente” e que é necessário agir principalmente do lado da procura.
De acordo com cálculos de Birol, este cenário exigiria uma redução de cerca de 12 bilhões de metros cúbicos nos próximos três meses, o que equivale à carga de cerca de 130 navios transportando gás natural liquefeito (GNL).
O posicionamento da AIE ocorre na semana em que Bruxelas deve anunciar um plano de redução de gás para o inverno, que recomendará medidas para os países da UE reduzirem o uso de gás.
Larissa Bernardes / Agência CMA
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