O dólar fechou esta quarta-feira (23) em leve baixa de 0,16%, a R$ 5,72 — quarta queda consecutiva da moeda americana, que acumula recuo de 1,46% na semana.
O enfraquecimento global do dólar ocorreu após declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Na noite de ontem, Trump negou que pretenda demitir o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, e indicou possível redução de tarifas sobre produtos chineses.
As tarifas chegam atualmente a 145%, mas fontes da Casa Branca sugeriram que Trump estaria disposto a baixar para algo entre 50% e 65%. Mais tarde, o secretário do Tesouro, Scott Bessent, negou uma retirada unilateral das tarifas. Ainda assim, o presidente norte-americano voltou a dizer que busca um “acordo de comércio justo” com os chineses.
Dólar perde força no mundo; real se destaca
Com a trégua temporária, houve aumento do apetite ao risco global. No entanto, parte da valorização do real perdeu força à tarde. Isso se deu por dois fatores:
- Alta nos juros dos Treasuries de 2 anos, que são títulos do governo dos EUA e refletem a expectativa de aperto monetário;
- Avanço do DXY, índice que compara o dólar com uma cesta de seis moedas fortes.
A queda de mais de 2% nos preços do petróleo também pesou contra moedas de países emergentes.
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Ainda assim, o real teve o melhor desempenho entre as moedas latino-americanas. Especialistas atribuem isso a fatores técnicos e à alta taxa de juros no Brasil, que favorece operações chamadas de carry trade — estratégia em que investidores tomam recursos em países com juros baixos e aplicam onde a remuneração é maior.
Política monetária brasileira sustenta o real
Durante evento do JPMorgan em Washington, o diretor de Política Monetária do Banco Central, Nilton David, afirmou que a política monetária brasileira é atualmente “a mais contracionista dos últimos tempos”. Segundo analistas, isso sinaliza que o ciclo de aperto dos juros pode estar próximo do fim.
Em entrevista ao Estadão Broadcast, André Galhardo, da Remessa Online, observou que as falas recentes do presidente do BC, Gabriel Galípolo, reforçaram o compromisso com o controle da inflação, o que também contribuiu para o fortalecimento do real.