O dólar comercial fechou em queda 1,42%, cotado a R$ 5,2680. O movimento de correção foi potencializado pela divulgação do payroll (folha de pagamentos, um dos principais termômetros do emprego nos Estados Unidos) na manhã de hoje, reforçando a ideia de que o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) seguirá sua rota contracionista. Na semana, o dólar caiu 1,03%.
Segundo a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack, “já estressamos muito os ativos de risco no começo da semana, e acredito que haja espaço para uma recuperação”.
Abdelmalack entende, porém, que a situação ainda é frágil e que o estresse pode voltar caso o mercado passe a apostar em uma postura mais agressiva do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) na reunião de setembro, já que o aumento de 0,75% no encontro de julho já é consenso entre grande parte dos analistas.
De acordo com o sócio fundador da Pronto! Invest, Vanei Nagem, “o payroll reforçou o aumento nos juros de 0,75%, e isso foi bem recebido pelo mercado brasileiro. Isso abre espaço para uma política mais dura, mas sem recessão”.
Nagem explica que os ativos de risco dos emergentes ainda estão baratos, o que aumenta o fluxo estrangeiro: “É preciso observar que o Banco Central (BC) independente está funcionando muito bem, fazendo a lição de casa. Ele começou o ciclo contracionista antes de todo mundo”, observa.
Para o economista da Ajax Capital, Rafael Passos, “os dados do payroll vieram fortes e dão, de modo geral, fôlego para um Fed mais duro, já que ele não pode afrouxar o ciclo com esta pressão inflacionária”.
Passos entende que além do payroll, o Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que subiu 0,67% em junho ante maio, dá sinais que a inflação brasileira começa a desacelerar: “Isso ajuda a corrigir o real, mesmo com o dólar performando bem hoje”, analisa.
Paulo Holland / Agência CMA
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