A Telefônica Brasil (VIVT3), dona da Vivo, registrou um lucro líquido de R$ 1,058 bilhão no primeiro trimestre de 2025, alta de 18,1% em relação ao mesmo período do ano passado. O resultado foi impulsionado pela expansão das operações nos segmentos móvel e fixo.
Em call com jornalistas para apresentação de resultados, o CEO da empresa, Christian Gebara, detalhou sua estratégia de diversificação e foco em novos negócios, como serviços financeiros e venda de acessórios para celulares e eletrônicos.
Vivo garante dividendos
Gebara destacou o compromisso da empresa com os acionistas: a Vivo mantém sua política distribuir pelo menos 100% do lucro líquido neste ano — em 2024, o índice foi de 105%. Só em junho, R$ 2 bilhões serão pagos em proventos.
O Vivo Pay, braço financeiro da companhia, já ultrapassou R$ 1 bilhão em empréstimos. A empresa também vende seguro celular para 600 mil clientes e oferece seguros personalizados, como residencial e para viagens. A novidade para este ano será o lançamento de financiamento para compras de eletrônicos diretamente pela Vivo.
Ao ser questionado sobre a ampla concorrência no setor financeiro, Gebara contou ao Terra/Monitor do Mercado que a vantagem frente às fintechs está no acesso recorrente a dados dos clientes e no relacionamento de longo prazo. “Temos frequência e dados. E isso muda completamente o jogo”, afirmou.
Para exemplificar, contou que a oferta de seguro residencial é acionada quando é feita uma nova instalação de fibra em imóveis. Bem como a oferta de seguro-viagem é feita quando há ativação de serviço de roaming.
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Serviços digitais e capinhas de celular
A empresa também cresce em serviços digitais. As receitas com streaming e entretenimento somaram R$ 760 milhões em 12 meses, com alta de mais de 20% no trimestre. Os pacotes convergentes (como o Vivo Total) já representam 80% das novas vendas, e 2,6 milhões dos mais de 7 milhões de clientes de banda larga fixa estão nesse modelo.
Ainda na questão da diversificação, a Vivo anunciou em março a compra da i2GO, fabricante de acessórios para celular e eletrônicos, por um valor que pode chegar a R$ 80 milhões. Em dezembro de 2022, a Vivo já havia lançado a OVVI, sua marca própria de acessórios para dispositivos tecnológicos. De acordo com Gebara, as marcas continuarão a funcionar de maneira independente, ainda que sob gestão centralizada.
Rede fixa da Vivo segue crescendo, mas ambiente é competitivo
Mesmo com o maior crescimento do mercado de banda larga nos últimos trimestres, Gebara foi direto ao responder se havia espaço novo a ser explorado: “Não tem mercado em que a gente esteja que não tenha concorrência”. Segundo ele, o crescimento tem sido principalmente em áreas onde a Vivo já atua, reflexo da consolidação do setor e da disputa acirrada por clientes.
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A operadora conectou 500 mil novos domicílios com fibra apenas neste ano e já se aproxima da marca de 30 milhões de “homes-passed” — casas onde a fibra está disponível. Em 2024, foram 2,5 milhões de novas casas passadas. No trimestre, a Vivo conquistou 211 mil novos clientes líquidos, com queda recorde no churn (índice de cancelamento), resultado da estratégia de convergência de serviços.
Venda de cobre: R$ 3 bi até 2028
A empresa ainda mantém 1,2 milhão de clientes conectados por redes de cobre, tecnologia que será desativada gradualmente até 2028. O plano é migrar esses clientes e gerar até R$ 3 bilhões em receitas com a venda do cobre desmontado.
5G: com foco em qualidade
No mercado móvel, a Vivo segue investindo em expansão do 5G e também do 4.5G nas regiões mais densas. Segundo Gebara, o avanço do 5G esbarra ainda na limitação da base de celulares compatíveis no Brasil, mas a empresa mantém a ambição: “Não vamos abrir mão em ser o melhor 5G do mundo”. O 5G Advanced já está nos planos da operadora.
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Resultados operacionais da Vivo
- Ebitda: R$ 5,704 bilhões (+8,1%)
- Margem Ebitda: 39,6% (+0,7 p.p.)
- Receita líquida: R$ 14,390 bilhões (+6,2%)
- Investimentos: R$ 1,896 bilhão (queda de 0,3%)
- Fluxo de caixa livre: R$ 2,124 bilhões (queda de 10,7%)
A redução no fluxo de caixa está ligada ao maior consumo de capital no trimestre, apesar da estabilidade dos investimentos, concentrados na expansão do 5G.
Dívida e saúde financeira
A dívida líquida total caiu 5,1% em 12 meses, para R$ 12,136 bilhões. O resultado financeiro negativo foi de R$ 569 milhões, melhora de 17,1%, puxada pela menor alavancagem e redução nas despesas com litígios.