O dólar comercial fechou em R$ 5,2320, com alta de 0,80%. A moeda foi afetada pelo fechamento da Ptax – taxa de referência para operações em moeda estrangeira que são praticadas no Brasil e pelo temor por uma recessão nos Estados Unidos. No mês, a moeda teve alta de 10,05% e de 9,89% no trimestre. Já no semestre, a queda foi de 6,17%.
Segundo o head de tesouraria do Travelex Bank, Marcos Weigt, “assim que terminou a formação da Ptax, o dólar despencou. O movimento global de enfraquecimento foi potencializado pela Ptax”.
De acordo com o estrategista chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno, “existe preocupação com uma recessão. O PCE (índice de preços para os gastos pessoais) aponta uma piora na confiança do consumidor, diminuindo a intenção de consumo das famílias”.
Rostagno acredita que tais resultados apontam para a continuidade uma política mais agressiva do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), o que pode gerar uma desaceleração forçada da economia: “Isso afeta os países latino-americanos, já que os Estados Unidos são o principal – ou um dos principais – parceiro econômico deles”, explica.
Devido ao fechamento da Ptax – taxa de referência para operações em moeda estrangeira que são praticadas no Brasil – na manhã de hoje, Rostagno entende que o impacto da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do estado de emergência no câmbio pode ser mais bem compreendido no período da tarde, e enfatiza a tendência que o real aumente seu ritmo de queda.
O PCE subiu 0,6% em maio na comparação mensal, depois de registrar alta de 0,2% em abril. Na comparação anual, o índice subiu 6,3% em maio, após uma alta de 6,3% em abril. O PCE é o indicador usado pelo Fed como referência para medir a inflação.
O núcleo do PCE, que exclui do cálculo os preços de alimentos e energia, subiu 0,3% em termos mensais e cresceu 4,7% em termos anuais em maio, após a alta de 0,3% registrada em abril em base mensal e de 4,9% em base anual.
O presidente do Fed, Jerome Powell, já declarou que a medida preferida do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) é o núcleo do índice de preços PCE já que ele exclui de seu cálculo os preços variáveis de commodity que, no momento, são afetados mais por medidas externas do que internas, segundo ele.
Rafael Mazzini, Head de Câmbio da Wise / Boreal, conta que os receios econômicos tem dado o tom da movimentação do dólar.
“Os receios econômicos têm sido alimentados principalmente pelo posicionamento agressivo dos principais bancos centrais, que indicaram repetidas vezes que seguirão firmes no aperto da política monetária à medida que buscam domar a inflação, mesmo que isso tenha impacto negativo sobre o crescimento”, afirmou o especialista.
Para o analista da Ouro Preto Investimentos, Bruno Komura, “mesmo com o PCE tendo vindo um pouco abaixo da expectativa, não achamos ele bom. Isso indica que a economia está forte e vai ser difícil controlar a inflação”.
Já no espectro doméstico, Komura entende que a PEC tem impacto negativo: “Ela está fazendo bastante mercado. Quando existe a possibilidade do estado de calamidade pública, assina-se um cheque em branco, e isso preocupa”, analisa.
Paulo Holland / Agência CMA
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