O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou nesta sexta-feira (23) que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, está comprometido com o cumprimento da meta fiscal do governo.
A declaração foi feita durante o Seminário Anual de Política Monetária, promovido pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), no Rio de Janeiro.
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O comentário de Galípolo ocorre após o anúncio, na quinta-feira (22), de mudanças no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) que incidiria sobre fundos que investem no exterior. A medida foi parcialmente revertida pela equipe econômica ainda na mesma noite, após reação negativa do mercado financeiro.
Segundo Galípolo, é natural que, na busca por soluções para manter a meta fiscal, surjam propostas que provoquem desconforto inicial e precisem ser revistas. Ele elogiou a rapidez da reversão, destacando que ela ocorreu ainda com o mercado fechado, o que evitou maiores impactos.
Haddad tenta não “passar uma mensagem errada”
Em entrevista ao vivo nesta manhã, Fernando Haddad explicou os motivos para a revisão. Segundo ele, após o anúncio, recebeu informações de operadores do mercado financeiro alertando que a medida poderia causar interpretações equivocadas.
“Recebi subsídios de pessoas que operam no mercado salientando que aquilo poderia acarretar problemas e passar uma mensagem errada”, disse. Ele afirmou que a decisão foi revista para evitar especulações sobre eventual inibição de investimentos e que o decreto já foi processado e publicado no Diário Oficial.
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Haddad ressaltou que “nosso diálogo com o mercado tem sido constante” e que o governo “não tem problema em corrigir a rota”.
Também foi esclarecido que os principais instrumentos de isenção de tributos para o setor financeiro — como LCI, LCA, CRI e CRA — foram recentemente revistos, e que a mudança tratava de uma questão técnica. Segundo ele, dos R$ 54 bilhões estimados com as medidas fiscais, a parte revista representa apenas R$ 2 bilhões.
Medida buscava harmonizar política monetária e fiscal
O ministro afirmou ainda que a decisão original fazia parte de um conjunto de ações que visavam “harmonizar a política monetária e fiscal”. Ele destacou que 97% das medidas continuam mantidas e “vão na direção correta”.
Haddad também rebateu rumores de que o governo estudava mudanças em outras frentes, como juros sobre capital próprio (JCP), dividendos e remessas. Ele reforçou que a revisão não afeta o uso de cartão de crédito e que as alíquotas praticadas atualmente são inferiores às da gestão anterior.
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Galípolo é contra, mas não quer interferir
Galípolo afirmou que não foi consultado previamente sobre a medida do IOF e que soube do anúncio como o restante do mercado. Apesar disso, destacou a “tempestividade e atitude democrática” da Fazenda em revisar a proposta.
Ele lembrou que se reuniu com Haddad nesta semana para tratar de temas como a PEC da autonomia do BC, split payment e eco invest. E reiterou sua posição pessoal contra aumentos no IOF, embora tenha frisado que isso não representa ingerência nas decisões da equipe econômica.









