A Eneva (ENEV3) está liderando um investimento de mais de R$ 6 bilhões na região Norte para o projeto Azulão 950, que construirá duas usinas termelétricas com capacidade total de 950 megawatts (MW) na Amazônia.
Cerca de 70% da geração de energia de Roraima, único estado ainda não integrado ao Sistema Interligado Nacional (SIN), já vêm do projeto, desenvolvido, segundo a companhia, sob condições desafiadoras em termos de logística e regulamentação.
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Enquanto a média nacional de disponibilidade de energia é de 0,98 quilowatts por habitante, a média no interior do Amazonas é de 0,27 quilowatts, um grande déficit no acesso à energia — que impacta a qualidade de vida, armazenamento de alimentos, acesso à internet.
A expectativa da Eneva é atender até 4 milhões de pessoas até no final do processo, equivalente ao consumo atual de Manaus. A usina será conectada ao SIN (Sistema Integrado Nacional), mas, mesmo de forma isolada, seria capaz de suprir toda a capital amazonense.
O assunto foi debatido no webinar “Diálogos Amazônicos”, promovido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), com a presença de Aurélio Amaral, diretor de relações externas da Eneva e ex-diretor da Agência Nacional do Petróleo (ANP), e de Marcelo Rodrigues, vice-presidente da UCB Power. Confira:
Desafios logísticos e regulatórios na Amazônia
Para implementar o Azulão 950, foi necessário criar toda uma cadeia logística que, ao longo do tempo, adaptou-se às variações do regime de cheias e secas da Amazônia. Tudo começou em 2020, quando a Eneva comprou o campo de Azulão, na Bacia do Amazonas, da Petrobras.
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Hoje, o gás natural é extraído do campo, levado até Silves (AM), onde é convertido em GNL (gás natural liquefeito), e transportado em caminhões criogênicos até Boa Vista (RR) — cerca de 1.000 km. Lá, o gás é regaseificado e usado para geração de energia.
O diretor de relações externas da empresa, Aurélio Amaral, destacou que os investimentos na região enfrentam desafios como:
- Logística fluvial complexa: com variações de até 20 metros no nível dos rios entre as estações;
- Insegurança jurídica: com frequentes questionamentos sobre licenciamento ambiental e atuação em áreas sensíveis;
- Falta de mão de obra especializada: agravada pela perda de capacidade da engenharia nacional após a Operação Lava Jato.
Além disso, Amaral enfatizou que, embora a região seja retratada como “intocável” por ambientalistas, os investimentos seguem rigorosos critérios de licenciamento e compensação ambiental.
Durante o evento, ele defendeu ser possível conciliar produção de energia com a preservação ambiental e respeito aos povos originários do Brasil.
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Soluções descentralizadas com energia solar e baterias
Em sua fala no evento, Marcelo Rodrigues, vice-presidente da UCB Power, destacou que mais de um milhão de pessoas na Amazônia legal não recebem energia. Para fornecer energia sem acesso à rede elétrica, a companhia desenvolveu uma solução que inclui quatro placas solares, um inversor e baterias.
A iniciativa faz parte do programa Luz para Todos e tem contribuído para geração de renda e fixação de comunidades ribeirinhas. Até o momento, a UCB já instalou 75 mil sistemas de geração solar com baterias de lítio, produzidas em sua fábrica em Manaus.
Hibridização energética
No evento, também foi destacado a importância de sistemas híbridos, que combinam energia solar, baterias e geração térmica para reduzir custos. Em Maués (AM), a UCB implantou essa solução na quarta maior usina térmica da Amazônia.
Esse modelo reduz a dependência do diesel, que encarece a geração térmica. Atualmente, a conta de consumo de combustível (CCC), que subsidia a geração em sistemas isolados, representa R$ 13 bilhões por ano.
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Amazônia em risco de crise energética
Os executivos alertam para a urgência de novos leilões de reserva de capacidade energética. Os últimos leilões foram adiados desde 2022. A ausência de leilões compromete o planejamento de investimentos em fontes firmes — aquelas que garantem fornecimento constante, como as térmicas e, no futuro, as baterias.
Além disso, a crescente demanda por data centers tende a elevar a pressão sobre o sistema. Segundo os convidados, há espaço para energia térmica, solar, eólica, biomassa e baterias, mas o avanço depende de marcos regulatórios estáveis e de uma política energética integrada à realidade climática e geográfica do país.









