Apesar da expectativa de redução da pressão sobre a Petrobras após o anúncio da renúncia do presidente da Petrobras José Mauro Coelho, o mercado segue monitorando outras medidas a serem tomadas pelo Executivo e pelo Legislativo, o que deve manter a volatilidade das ações da estatal no radar.
Nesta manhã, enquanto o ministro das Minas e Energia Adolfo Sachsida é sabatinado na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados sobre os preços dos combustíveis praticados pela Petrobras as ações tinham leve alta. Às 10h53 (horário de Brasília), as ações ordinárias (PETR3) subiam 0,33% e as preferenciais (PETR4) tinham alta de 0,03%.
Ontem, em discussão sobre o aumento do preço dos combustíveis, o presidente da Câmara Arthur Lira propôs uma mudança na Lei das Estatais, 13.303, para permitir maior sinergia entre as estatais e o governo do momento.Também seguem no radar a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) contra a Petrobras – o que deve perder força após a renúncia do presidente, anunciada ontem – e um aumento de impostos sobre o lucro do setor de petróleo e gás.
O governo federal também avalia a possibilidade de converter ações preferenciais da Petrobras em ordinárias para que a União deixe de ser controladora da empresa.
Para o estrategista de ações da Genial Investimentos Filipe Villegas, a última opção parece a maisimprovável. “Todas essas manobras são negativas para a Petrobras, pois geram ruído e tendem a deixar os preços da estatal pressionados. Essas medidas tiram uma correlação que a Petrobras deveria ter com uma movimentação dos preços do petróleo nos mercados internacionais e tudo acontece diante da tentativa do governo de querer passar uma mensagem de que não tem culpa pelo preços dos combustíveis, com base nas pesquisas divulgadas. Se tudo que está sendo discutido for
para frente, qualquer medida acaba sendo negativa para a Petrobras, mas vamos ver como isso avança ou se é só uma jogada para tentar amenizar os efeitos impopulares que uma inflação causa para todo governo, principalmente por conta do aumento dos preços dos combustíveis”, comentou o analista.
Para a corretora Ativa Investimentos, a possibilidade de ocorrência de conversão de ações preferenciais em ordinárias e por conseguinte, a diluição da participação do governo no controle da empresa é uma notícia muito positiva para as ações da companhia. “Ainda assim, materialização deste processo não seria simples, sendo necessáriaaprovação no congresso e Senado, no TCU (Tribunal de Contas da União), bem como a alteração do estatuto da empresa. Por hora, temos este evento com baixa probabilidade de ocorrer”, comentou a Ativa.
Cynara Escobar / Agência CMA
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