O Ibovespa futuro operava em alta quando a Bolsa iniciou os negócios em movimento positivo, acompanhando os investidores globais em busca de recuperação técnica após as perdas das últimas semanas devido ao temor de recessão mundial.
Os investidores seguem monitorando as falas dos dirigentes do Federal Reserve (Fed,o banco central dos Estados Unidos), diante da expectativas de forte elevação de juros nas próximas reuniões ainda no radar.
Por aqui, os operadores do mercado digerem a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), divulgada na manhã desta terça-feira e monitoram as questões envolvendo os combustíveis e a Petrobras.
Às 10h13 (horário de Brasília), o Ibovespa tinha alta de 0,86%, aos 100.678,29 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em agosto subia 0,65%, aos 102.380 pontos. Os mercados europeus sobem, assim como os futuros norte-americanos.
O boletim matinal da SuAmérica Investimentos destaca que ontem o presidente do Fed de St.Louis, James Bullard, deu início a uma semana repleta de discursos de membros da autoridade monetária, e manteve sua postura hawkish, enfatizando a persistência das pressões inflacionárias nos EUA e sinalizando que defende mais uma alta de 75 pontos-base na taxa de juros na reunião de julho. Hoje, outros membros devem falar, e Jerome Powell, presidente do Fed, fala no Senado na quarta-feira e no Congresso, na quinta-feira.
Hoje, também, serão divulgados os dados de vendas de residências usadas nos EUA e o índice de atividade do Fed de Chicago.
Para o analista Filipe Villegas, da Genial Investimentos, o movimento positivo desta manhã indica que o excesso de pessimismo em alguns indicadores de sentimento abre espaço para que correções acabem acontecendo, com o mercado buscando reajuste técnico sem uma mudança estrutural nos fundamentos.
Em relação ao cenário nacional, após uma segunda-feira com foco na Petrobras e nas
tentativas do Congresso para mitigar o impacto dos reajustes sobre os preços dos combustíveis, apressão sobre a empresa foi reduzida com o anúncio da renúncia do presidente da Petrobras José Mauro Coelho e a expectativa é que alivie relativamente a temperatura do debate, ainda que as opções de medidas a serem tomadas pelo Executivo e pelo Legislativo ainda estejam sobre a mesa e a discussão tenda a se prolongar.
Os investidores agora monitoram os desdobramentos da fala do presidente da Câmara Arthur Lira ontem, sobre a possibilidade de mudança na Lei das Estatais, marco institucional importante.
Também seguem no radar a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) contra a Petrobras – o que deve perder força após a renúncia do presidente, anunciada ontem – e um aumento de impostos sobre o lucro do setor de petróleo e gás. “Outra ideia que está sendo debatida no governo seria tornar a União minoritária no controle da Petrobras, o que obviamente causaria uma forte reação do Congresso e de todas as medidas, acredito que essa seria a mais improvável”, opinou Villegas, que considera as medidas negativas para a companhia.
O mercado acompanha se o investidor estrangeiro vai continuar na Bolsa mesmo com o contexto global macro mais desafiador, questão fiscal, eleições, Petrobras, entre outros. Na última sexta-feira, os investidores estrangeiros retiraram R$ 885 milhões da B3, mas o saldo acumulado é de R$ 2,13 bilhões em junho e R$ 53,61 bilhões no ano.
O destaque local é a divulgação da ata da reunião do Copom, que deve ser digerida pelo mercado ao longo do dia.
Para Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, o comunicado foi avaliado como neutro. “À primeira vista nossa leitura apontava para uma ata hawkish (dura), mas após reler algumas vezes avaliei que a comunicação esteve entre neutra. “Hawkish” pela assimetria de risco altista atribuída a inflação, por fiscal, explícitos no parágrafo 10, mas neutra ao passo que eles disseram, novamente, que a nova trajetória de juro é suficiente para a convergência da inflação”, comentou.
Cynara Escobar / Agência CMA
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