O aumento da tensão geopolítica entre Irã e Israel volta a impactar os preços das commodities agrícolas e energéticas, com destaque para o milho, petróleo e soja. Apesar do conflito, o Irã segue como o principal destino das exportações brasileiras de milho em 2024.
Dados compilados até maio mostram que o Irã já importou 2,1 milhões de toneladas de milho brasileiro neste ano, o que representa cerca de 35% das exportações nacionais do grão. Em 2023, essa participação foi de 10,9%.
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Segundo Guto Gioielli, fundador do Portal das Commodities, o mercado monitora a possibilidade de interrupção desses embarques, especialmente se infraestruturas críticas no Irã forem afetadas pelos bombardeios — só haveria suspensão caso instalações portuárias ou indústrias processadoras de milho fossem destruídas.
Ele explica que mesmo diante do risco de novos ataques, a expectativa é que o comércio de grãos com o Irã continue, já que embargos alimentares não são comuns e há mecanismos de pagamento em operação. Confira a análise na íntegra:
Produção e demanda global podem compensar mudanças
Em caso de queda nas compras iranianas, a demanda pode ser redirecionada a outros países, como China, Rússia e Egito, que enfrentam problemas climáticos. Os Estados Unidos, por outro lado, vivem um cenário positivo no clima, o que pode favorecer sua produção e aliviar parte da pressão sobre os preços globais.
Apesar das incertezas, especialistas avaliam que ainda é prematuro prever sobra de milho no mercado brasileiro ou queda significativa nos preços.
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Commodities reagem à volatilidade do petróleo
O petróleo apresentou forte oscilação nos últimos dias, com queda expressiva nos contratos mais líquidos. O barril recuou de US$ 78 para US$ 72, com mínima em US$ 70,56. Essa variação influencia diretamente os preços do milho, uma vez que o petróleo afeta os custos logísticos e a demanda por biocombustíveis.
A soja também teve movimentos expressivos. O contrato novembro (mais líquido nos EUA) subiu de US$ 10,20 para US$ 10,70, refletindo estoques baixos de óleo e expectativa de maior esmagamento de soja.
Por outro lado, o farelo de soja caiu para US$ 283, pressionado pela maior oferta resultante da produção de óleo. O preço do óleo de soja subiu 7,94%, enquanto o farelo recuou, reforçando a instabilidade no complexo da oleaginosa.
Café e boi gordo com ajustes
O café arábica, após forte alta na sexta-feira, devolveu parte dos ganhos e fechou o dia com queda de 1,45%. A valorização do real, com a cotação do dólar à vista (Ptax) em R$ 5,41, também impacta a competitividade do produto brasileiro no exterior.
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No mercado pecuário, o boi gordo segue operando de forma lateralizada. O contrato outubro (BGIV) está próximo dos R$ 317, com o mercado físico girando em torno de R$ 315. A expectativa permanece positiva para o segundo semestre.