A prévia da inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – 15 (IPCA-15), desacelerou para 0,26% em junho, após alta de 0,36% em maio, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (26).
O resultado veio abaixo da mediana das projeções do mercado (0,28%) e indica, segundo economistas, que a inflação pode ter atingido seu pico recente. A leitura do indicador reforça a avaliação de que o ciclo de pressão nos preços, iniciado no segundo semestre de 2024, começa a perder força.
De acordo com André Valério, economista sênior do Inter, a reversão no grupo de Alimentação e bebidas, que caiu 0,02% em junho — a primeira deflação desde setembro de 2024 — é um sinal relevante.
“O resultado de junho reafirma o cenário de que as pressões inflacionárias possam estar perto do fim. As principais medidas atingiram pico e passam a recuar, influenciadas pela reversão da inflação de alimentos e da deflação nos combustíveis”, afirmou.
Energia puxa alta, mas alimentos e combustíveis aliviam IPCA-15
O grupo Habitação foi o principal responsável pela alta do IPCA-15 em junho, com variação de 1,08% e impacto de 0,16 ponto percentual (p.p.). O destaque foi a energia elétrica residencial, que subiu 3,29% e adicionou 0,13 p.p. ao índice.
A elevação foi impulsionada pela entrada da bandeira vermelha patamar 1, que acrescenta R$ 4,46 a cada 100 kWh consumidos, além de reajustes regionais nas tarifas.
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Na outra ponta, os combustíveis registraram queda de 0,69%, com destaque para o recuo do diesel (-1,74%), etanol (-1,66%) e gasolina (-0,52%).
Já os alimentos consumidos no domicílio caíram 0,24%, puxados pelas quedas nos preços do tomate (-7,24%), ovos (-6,95%) e arroz (-3,44%).
Inflação pode ficar abaixo do esperado no segundo semestre
O Departamento de Pesquisa Econômica do Banco Daycoval também destaca a influência da redução nos preços da gasolina e da sazonalidade nos alimentos. Segundo a equipe do banco, “o resultado reforça que a inflação já atingiu seu pico”.
Para o IPCA cheio de junho, o Inter projeta alta de 0,18%, puxada novamente pelo grupo Habitação. No entanto, essa previsão poderá ser revista por causa dos recentes reajustes em Transportes.
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Apesar da desaceleração, o Inter prevê que a inflação encerrará 2025 acima do teto da meta do Banco Central, estimada em 4,5%, ficando próxima de 5%.
A expectativa da instituição é que o ciclo de cortes na taxa Selic só comece em dezembro, com redução de 0,5 ponto percentual, condicionada a sinais de atividade econômica mais fraca.