A jornada da maternidade solo é marcada por uma força e resiliência admiráveis, mas também por vulnerabilidades que os criminosos aprenderam a explorar. Golpistas criam fraudes de engenharia social direcionadas, que usam como isca a sobrecarga da rotina, a pressão financeira e a busca por apoio emocional.
Este guia detalha 3 golpes comuns que miram neste público e oferece estratégias de proteção e fortalecimento.
A jornada tripla como porta de entrada para fraudes
Os golpistas enxergam as mães solo com 25 a 40 anos, como alvos estratégicos por um conjunto de fatores. A rotina intensa, muitas vezes uma jornada tripla entre trabalho, casa e filhos, gera um cansaço físico e mental que diminui a atenção a detalhes, tornando-as mais suscetíveis a propostas enganosas.
Muitas buscam nas redes sociais e em grupos de WhatsApp uma rede de apoio, um lugar para desabafar e trocar experiências, o que, por outro lado, expõe sua rotina e suas dificuldades. A necessidade de uma fonte de renda extra e a busca por um parceiro que compreenda e participe de suas vidas são vulnerabilidades emocionais e financeiras que os criminosos manipulam com precisão.
3 golpes que exploram a maternidade solo

As fraudes são desenhadas para parecer uma solução mágica para os desafios do dia a dia.
1. O golpe do falso benefício social
Este golpe explora a possível dificuldade financeira. Criminosos entram em contato via WhatsApp ou SMS, passando-se por representantes do governo ou de uma ONG, para oferecer um suposto “Auxílio Mãe Solo” ou um “bônus especial do Bolsa Família”. A mensagem contém um link que leva a um site de phishing, criado para roubar dados pessoais e bancários. Em algumas versões, é cobrada uma pequena “taxa de cadastro” via Pix para “liberar o benefício” que nunca existirá.
2. O golpe do parceiro perfeito (catfishing direcionado)
Uma variação cruel do estelionato sentimental. O golpista cria um perfil falso de um homem maduro, compreensivo e estável, que se diz encantado pela força da vítima e “adora crianças”. Ele oferece apoio emocional, escuta os desabafos e projeta um futuro a dois, suprindo uma carência afetiva. Uma vez que a dependência emocional é estabelecida, ele começa a pedir dinheiro para emergências fictícias, contando com a generosidade e a confiança da vítima.
3. O golpe da falsa oportunidade de renda extra
Mirando na necessidade de um trabalho com horários flexíveis, os golpistas anunciam vagas de home office “perfeitas para mães”. As propostas, geralmente de “marketing digital”, “avaliação de produtos” ou “assistente online”, prometem altos ganhos com poucas horas de trabalho. Para “começar”, a vítima é convencida a pagar por um “kit inicial” ou um “treinamento obrigatório”. Em outros casos, a fraude envolve realizar “tarefas” que exigem pequenos depósitos em Pix que se tornam cada vez maiores, até que a vítima perceba o prejuízo.
Fortalecendo a armadura: como se proteger e criar uma rede de apoio
A autoproteção para as mães solo envolve blindar não apenas as finanças, mas também o tempo e o emocional. Desenvolver uma postura de verificação e contar com uma rede de apoio real são atitudes cruciais.
- Desconfie de soluções e ajudas “caídas do céu”: Lembre-se que benefícios sociais do governo federal são comunicados apenas pelos canais oficiais da Caixa ou pelo aplicativo do CadÚnico. Vagas de emprego e parceiros que parecem perfeitos demais para ser verdade merecem uma investigação aprofundada antes de qualquer envolvimento.
- Crie uma barreira entre o emocional e o financeiro: Especialmente em contatos online, estabeleça uma regra pessoal de jamais enviar dinheiro para alguém que você não conhece pessoalmente e há muito tempo. A carência afetiva não pode se transformar em prejuízo financeiro para você e seus filhos.
- Verifique qualquer oportunidade de trabalho: Nenhuma empresa séria cobra por kits, exames ou treinamentos. Pesquise o CNPJ da suposta empresa, procure a vaga no LinkedIn ou no site oficial e desconfie de processos seletivos que ocorrem exclusivamente por mensagens de texto.
- Construa e consulte sua rede de apoio real: Antes de tomar uma decisão importante que envolva dinheiro ou um grande passo emocional, converse com uma amiga, um familiar de confiança ou um grupo de mães que você respeita. Uma segunda opinião, de alguém que está fora da situação, pode ser decisiva para enxergar um golpe.
- Ajuste a privacidade de suas redes sociais: Evite expor excessivamente sua rotina, as fotos dos seus filhos e, principalmente, seus desabafos sobre dificuldades financeiras ou solidão. Criminosos monitoram essas informações para criar uma abordagem personalizada e mais convincente.
Mantenha-se segura e informada
A jornada da maternidade solo já possui desafios suficientes, e a luta contra golpistas não deveria ser mais um deles. Reconhecer que sua força e seus anseios são usados como isca é o primeiro passo para se proteger. Tirar um momento para desconfiar, verificar e conversar é um ato de amor-próprio e de proteção à sua família.