A visita mensal do funcionário que faz a leitura do hidrômetro é uma rotina na casa de todos, e é justamente nessa normalidade que os criminosos encontram uma brecha. Disfarçados de funcionários de companhias de água, como a Sabesp, golpistas aplicam o Golpe do Falso Leiturista para inspecionar medidores e extorquir dinheiro dos moradores.
Este guia detalha como essa fraude presencial acontece e quais os cuidados para não abrir a porta para um criminoso.
O que é o golpe do falso leiturista de água?
É uma fraude na qual um criminoso, devidamente uniformizado e muitas vezes com um crachá falso, se apresenta em uma residência como funcionário da companhia de saneamento local para realizar uma “vistoria especial” no hidrômetro.
O objetivo do golpe é usar engenharia social para convencer o morador de que há uma grave irregularidade no medidor, como um vazamento, um defeito que gera cobrança a mais ou uma ligação clandestina (o popular “gato”). A partir daí, o golpista exige um pagamento imediato para evitar uma multa pesada e o corte do fornecimento de água.

Como os golpistas aplicam o golpe?
O criminoso, agindo de forma muito convincente, pede para verificar o hidrômetro. Após uma rápida e superficial “inspeção”, ele “descobre” um problema grave. Para dar credibilidade, ele aponta para partes do medidor, usa jargões técnicos e mostra supostas “evidências” da fraude, que ele mesmo pode ter simulado.
Em seguida, ele apresenta as opções à vítima: pagar uma multa oficial de valor altíssimo, que envolveria o corte da água e um longo processo burocrático, ou “resolver por fora”. Essa “solução” consiste em pagar um valor menor, na hora, diretamente a ele via Pix ou em dinheiro, para que ele “cancele a multa no sistema”. A ameaça de ficar sem água e o medo da burocracia levam a vítima a ceder à extorsão.
Quais são os principais sinais de alerta para não cair na fraude?
O sinal de alerta mais importante e definitivo é qualquer tipo de cobrança ou pedido de pagamento na hora. Funcionários de concessionárias como a Sabesp não estão autorizados a receber dinheiro, seja para quitar débitos, pagar por serviços ou anular multas. Todas as cobranças legítimas são feitas exclusivamente através da conta de água mensal.
Desconfie de diagnósticos de “problemas graves” feitos sem o uso de equipamentos específicos e de ameaças de corte imediato do serviço. A suspensão do fornecimento por irregularidade obedece a um rito que inclui notificação prévia oficial por escrito, e nunca é uma decisão tomada na hora pelo leiturista.
Quem é o público-alvo mais comum deste golpe?
Os alvos mais frequentes são idosos e funcionários domésticos que estão sozinhos em casa. Os criminosos partem do pressuposto de que essas pessoas são mais confiantes, se sentem mais intimidadas com a linguagem técnica e com a figura de autoridade de um “fiscal”, e têm mais medo das consequências de ter o fornecimento de água cortado.
Fui vítima! O que fazer imediatamente após cair no golpe?
Se você fez um pagamento e depois se deu conta da fraude, é fundamental agir para registrar o crime e alertar as autoridades.
- Ligue para a companhia de água oficial: A primeira ação é ligar para a central de atendimento da sua concessionária (o número oficial consta na sua conta de água). Relate o que aconteceu, forneça as características do falso funcionário e confirme se havia alguma ordem de serviço real para o seu endereço.
- Tente reaver o pagamento via banco: Se o pagamento foi feito por Pix e é recente, contate seu banco imediatamente. Informe que foi vítima de um golpe e solicite a abertura do MED (Mecanismo Especial de Devolução).
- Guarde todas as provas: Se o golpista deixou algum tipo de “auto de infração” falso ou se você tem o comprovante do Pix, guarde esses documentos. Se sua casa possui câmeras de segurança, salve as imagens que mostram o suspeito.
- Registre um boletim de ocorrência (B.O.): Com todas as informações em mãos, vá à delegacia da Polícia Civil mais próxima ou faça o registro online pelo crime de estelionato.
- Alerte seus vizinhos: É muito provável que o golpista esteja agindo na sua rua ou bairro. Avise os vizinhos, pessoalmente ou em grupos de WhatsApp, sobre o golpe para evitar que mais pessoas sejam enganadas.
Dicas de prevenção: como se proteger de falsos funcionários
A prevenção começa na portaria ou no portão de casa. Sempre peça o crachá de identificação com foto do funcionário e, se ainda tiver dúvidas, não o deixe entrar. Mantenha a pessoa do lado de fora e ligue para a central de atendimento oficial da companhia para confirmar a visita e a identidade do profissional.
Instrua todos os moradores da casa, incluindo empregados domésticos e adolescentes, sobre essa regra de verificação. E lembre-se: a leitura do hidrômetro, na maioria das vezes, é feita do lado de fora do imóvel, sem a necessidade de o funcionário entrar.
Mantenha-se seguro e informado
Conhecer os procedimentos oficiais das empresas que lhe prestam serviços é a sua maior defesa. Saber que pagamentos nunca são feitos “na hora” e que você sempre pode ligar para confirmar uma visita cria uma barreira de segurança que a maioria dos golpistas não consegue ultrapassar.