O fim de um casamento é um processo de intensa transformação emocional, acompanhado de complexas decisões legais e financeiras. Criminosos, cientes dessa fragilidade, criaram golpes específicos que exploram a dor, a esperança e a desorientação de recém-divorciados, oferecendo falsos serviços de advocacia, reconciliação e suporte.
Este guia detalha 3 dessas armadilhas e mostra como se proteger para garantir um recomeço seguro.
A vulnerabilidade do recomeço: por que recém-divorciados são alvos?
Os golpistas focam neste público por entenderem seu estado de vulnerabilidade. A dor emocional do divórcio pode afetar o julgamento crítico, tornando a pessoa mais suscetível a acreditar em promessas de soluções rápidas, sejam elas legais ou afetivas.
O desconhecimento sobre os trâmites jurídicos pós-divórcio, como a partilha de bens, abre uma porta para falsos especialistas. A busca por uma comunidade e por apoio emocional para lidar com a solidão pode levar a vítima a grupos e “terapeutas” fraudulentos. Além disso, a simples mudança de status de relacionamento nas redes sociais já serve como um sinalizador para os criminosos.
As 3 armadilhas mais comuns que exploram o pós-divórcio

As fraudes são desenhadas para oferecer uma “solução” para as principais dores do divórcio: a financeira, a emocional e a da esperança.
1. O golpe da falsa revisão da partilha de bens
Nesta fraude, um golpista, se passando por “consultor jurídico” ou “perito em direito de família”, entra em contato com a vítima. Ele afirma ter analisado o processo de divórcio e encontrado “irregularidades” ou “bens ocultos” que garantiriam à pessoa um valor maior na partilha. Para “reabrir o caso” e lutar por esses direitos, ele exige o pagamento de “honorários de análise” ou “custas processuais” adiantadas, geralmente via Pix. Após o pagamento, o falso advogado desaparece.
2. O golpe do “coach” de reconciliação
Explorando a esperança de reatar o relacionamento, falsos “gurus” e “coachs de relacionamento” vendem cursos online e mentorias caríssimas com a promessa de “técnicas infalíveis para reconquistar seu ex”. Eles usam marketing agressivo em redes como Instagram e TikTok, com depoimentos forjados de “casais que se reconciliaram”. O conteúdo vendido é, na verdade, um amontoado de conselhos genéricos e ineficazes, criados apenas para lucrar com a dor e a esperança da vítima.
3. O golpe do falso grupo de apoio emocional
Essa fraude mira na solidão e na necessidade de pertencimento. Anúncios promovem “grupos de apoio exclusivos para divorciados”, com a promessa de mediação de psicólogos 24 horas por dia. Para ter acesso ao grupo de WhatsApp ou Telegram, é preciso pagar uma taxa de assinatura semanal ou mensal. Na realidade, o grupo não possui nenhum profissional qualificado, é cheio de perfis falsos ou simplesmente fica inativo após os pagamentos.
Leia mais: O “Caribe Brasileiro” é o novo destino queridinho do nordeste
Guia para um recomeço seguro: como se proteger e encontrar apoio legítimo
Recomeçar a vida após o divórcio é um processo que exige autocuidado, e isso inclui proteger-se de aproveitadores. Buscar ajuda é fundamental, mas é preciso saber onde encontrá-la de forma segura.
- Procure sempre profissionais com registro e referências: Para qualquer questão legal, busque advogados com registro ativo na OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). Para apoio emocional, procure psicólogos com registro no Conselho Regional de Psicologia (CRP). Peça indicações de amigos ou de seu círculo de confiança.
- Desconfie de promessas de resultados garantidos: Nenhum advogado sério pode garantir o resultado de uma ação na justiça. Da mesma forma, nenhum profissional de saúde mental ético pode prometer a reconciliação de um relacionamento. Soluções mágicas são a principal isca de charlatões.
- Nunca pague por serviços jurídicos via Pix para contas pessoais: Honorários advocatícios são sempre formalizados através de um contrato de prestação de serviços. Custas de processos judiciais são pagas por guias oficiais emitidas pelo tribunal, nunca por transferência direta para o “consultor”.
- Pesquise a fundo antes de comprar cursos ou mentorias: Antes de investir em qualquer produto online de desenvolvimento pessoal, pesquise o nome do “especialista” em sites de reclamação. Desconfie de páginas com comentários excessivamente positivos e sem nenhuma crítica.
- Priorize sua saúde mental com suporte qualificado e acessível: O período pós-divórcio é emocionalmente delicado. Em vez de buscar soluções rápidas e caras na internet, considere fazer terapia com um psicólogo. Existem também grupos de apoio gratuitos e sérios, muitas vezes ligados a universidades e ONGs.
Leia mias: Quem trabalhou por 15 anos pode ter direito a aposentadoria
Mantenha-se seguro e informado
O processo de reconstrução após um divórcio é uma jornada que merece ser trilhada com respeito e segurança. Proteger-se de golpes que exploram essa vulnerabilidade é um ato de autocuidado e o primeiro passo para um novo capítulo mais forte e saudável. Busque apoio em profissionais qualificados e em sua rede de afeto real.