A canadense Largo quer ser líder em armazenamento de energia limpa em um futuro próximo. A empresa aposta no crescimento do mercado de baterias industriais de vanádio, metal extraído na Bahia.
Hoje as aplicações mais comuns do mineral são principalmente na construção civil, na indústria automotiva e na indústria aeroespacial – sobretudo, trens de pouso de aviões, já que o minério metálico aumenta a resistência e durabilidade do aço. O material, no entanto, também pode ser utilizado como matéria-prima de baterias de escala industrial com capacidade para armazenamento de grandes quantidades de eletricidade.
A aposta da companhia se insere em um contexto de transição energética, de migração para um ambiente de 100% de energia verde, sem emissão de carbono. O modelo de negócio é o de fornecimento de baterias de vanádio para empresas do setor de energia renovável, como parques eólicos e usinas solares.
As patentes foram adquiridas pela companhia em dezembro de 2020 e o primeiro contrato de fornecimento da Largo foi assinado em 2021 com a Enel Green Power, em Mallorca, na Espanha. A instalação deve ser concluída no último trimestre de 2022.
“Adquirimos a empresa que desenvolveu a tecnologia e instalou três baterias, mas há mais de cem baterias implementadas no mundo, então é uma solução já provada, mas comercialmente; a demanda por grandes volumes, foco da Largo, deve começar entre 2024 e 2026”, explica Paulo Misk, CEO da empresa.
A Largo atualmente tem um programa de investimentos na ordem de US$ 590 milhões a ser executado até 2032, visando à expansão da produção de vanádio para atender o crescimento da demanda, pois as grandes corporações globais possuem metas de utilizar, a partir de 2035, 100% de energia verde, com baixa emissão de carbono.
A companhia fornecerá baterias por meio de contratos de leasing. O cliente terá a “posse temporária” do eletrólito de vanádio (coração da bateria) que pode ser devolvido à empresa após o período de contrato, de cerca de 25 anos.
O modelo de comercialização das baterias é viabilizado pelas próprias características do vanádio, que conduz energia sem se degradar ao longo do tempo. Isso permite que possam ser recicladas após 25 anos, “infinitamente”, afirma Misk.
A confiança no crescimento no mercado de baterias é tanta que a empresa lançou um fundo de investimentos em vanádio: a Largo Physical Vanadium (LPV). O benchmark é um fundo de urânio. A nova empresa da holding será listada na Bolsa de Toronto (Toronto Stock Exchange – TSX), para funcionar como ETF (Exchange Traded Fund).
“A expectativa é que o preço do vanádio sofra uma valorização pelo aumento de demanda. E a Largo será o agente que vai guardar esse metal nas baterias, pois ele não se degrada, está bem armazenado, preservado. O vanádio reduz a emissão de carbono, é uma ótima oportunidade para aqueles investidores com interesse forte em melhorar as condições do planeta, para ter lucro e permitir o crescimento da utilização da energia renovável”, explica Misk.
De saída, a empresa transferiu 200 toneladas de vanádio para a LPV, no valor de 30 milhões de dólares canadenses. Agora a companhia está no período de conversas com investidores interessados em investir em energia limpa, para levantar fundos.