O índice prévio da inflação, medido pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) caiu 0,14% em agosto, registrando a primeira deflação desde julho de 2023 e a menor queda mensal de setembro de 2022, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os dados divulgados nesta terça-feira (26) mostraram, ainda, que a prévia da inflação recuou para 4,95% no acumulado de 12 meses, abaixo dos 5,30% registrados no mês anterior.
- Enquanto você lê esta notícia, outros investidores seguem uma estratégia validada — veja como automatizar suas operações também.
O resultado já era esperado pelo mercado, com a mediana das projeções apontando para uma deflação de 0,19% influenciada pontualmente pelo bônus de Itaipu gerando descontos nas tarifas de energia elétrica.

Energia e alimentos puxam queda do IPCA-15
O grupo Habitação passou de alta de 0,98% em julho para queda de 1,13% em agosto, com forte influência da energia elétrica residencial, que recuou 4,93% e teve o maior impacto negativo no mês (-0,20 p.p.).
Na alimentação, foi o terceiro mês consecutivo de queda, com recuo de 1,02% nos alimentos consumidos em casa. Batata-inglesa (-18,77%), cebola (-13,83%), tomate (-7,71%) e carnes (-0,94%) estão entre os destaques.
Nos transportes, além da gasolina, também recuaram passagens aéreas (-2,59%) e automóveis novos (-1,32%).
- Lucro real, risco controlado e execução profissional — acesse agora e conheça o Copy Invest do Portal das Commodities.
Serviços ainda pressionam a inflação
Apesar da deflação, analistas destacam que os núcleos de inflação — que desconsideram itens mais voláteis — seguem em patamar elevado. Para a Suno Research, houve piora em serviços subjacentes e intensivos em mão de obra, indicadores acompanhados pelo Banco Central na definição da política monetária.
“Mesmo com alguma moderação recente, núcleos de inflação e preços de serviços continuam em níveis incompatíveis com a meta”, afirmou Gustavo Sung, economista-chefe da casa. Segundo ele, a resiliência do mercado de trabalho mantém a pressão inflacionária.
No mesmo sentido, o Banco Inter apontou que a inflação de serviços avançou 0,5% em agosto, com destaque para serviços subjacentes (+0,55%) e intensivos em trabalho (+0,62%). Para o economista-chefe do Inter, André Valério, esse comportamento indica que a política monetária ainda encontra dificuldades para conter preços do setor.
Juros devem seguir estáveis
Para o Banco Daycoval, a leitura reforça cautela. O banco projetava deflação mais intensa (-0,24%) e atribuiu a diferença à queda menor da energia e à alta mais forte nos serviços. “O resultado não altera nossa perspectiva de manutenção da Selic em 15% até o fim de 2025”, avaliou a equipe do Departamento de Pesquisa Econômica (DPEc).
Já o Inter vê espaço para cortes a partir de dezembro, caso se confirme a desaceleração da atividade e a inflação abaixo do esperado nos próximos meses. “A projeção para o IPCA fechado de agosto é de queda de 0,18%”, afirmou Valério.