O setor de comércio no Brasil apresentou um desempenho positivo em julho de 2025, sinalizando uma recuperação após a retração experimentada em junho. De acordo com o Indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio, houve um crescimento de 0,3% no volume de consultas ao crédito no varejo físico durante o mês. Esse crescimento foi impulsionado principalmente pelo setor de “Veículos, Motos e Peças“, que avançou 1,2%. Paralelamente, o segmento de “Supermercados, Hipermercados, Alimentos e Bebidas” também contribuiu positivamente com um aumento de 0,6%.
Os dados apresentam um contraste entre os setores; enquanto “Combustíveis e Lubrificantes” e “Tecidos, Vestuário, Calçados e Acessórios” registraram recuos de 0,4% e 1,6%, respectivamente, outros segmentos ofereciam sinais de recuperação e crescimento. Essa variação reflete as oscilações do mercado, afetado por fatores como taxas de juros elevadas que restringem o crédito, impactando negativamente setores que dependem de financiamento. No entanto, setores ligados ao consumo essencial continuam demonstrando resiliência.
O mercado tem mostrado sensibilidade às mudanças macroeconômicas. Oscilações nos indicadores, em especial nos segmentos dependentes do crédito, reforçam a importância de acompanhar tendências e ajustar estratégias comerciais. O desempenho positivo do setor varejista em julho sinaliza uma possível retomada gradual, com setores essenciais sustentando parte significativa da demanda.
Impacto das condições econômicas no comércio varejista

A economia brasileira, em julho de 2025, ainda lida com juros elevados que afetam diretamente o consumo financiado. O cenário dificulta o acesso a crédito, principalmente para compras parceladas e bens de maior valor, como eletrodomésticos e móveis. Em contraste, segmentos essenciais se beneficiam dos ganhos salariais reais, mantendo fluxo de vendas estável.
A relação entre crédito restrito e renda disponível cria uma dinâmica de estabilidade parcial para o comércio. O consumo básico é sustentado por condições favoráveis no mercado de trabalho, enquanto compras dependentes de crédito permanecem em baixa. Há expectativas de desaceleração para o segundo semestre, caso os juros se mantenham elevados.
Esse contexto reforça também a importância de políticas macroeconômicas orientadas tanto para controle da inflação quanto para estímulo à renda das famílias. No médio prazo, ajustes nas taxas de juros e iniciativas para ampliar o acesso ao crédito poderão impulsionar mais setores do varejo.
Crescimento dos segmentos na comparação anual
Ao comparar com julho de 2024, o comércio varejista físico apresentou crescimento de 3,4% em 2025. Entre os destaques, “Tecidos, Vestuário, Calçados e Acessórios” registrou elevação de 5,3%, seguido por “Material de Construção“, com expansão de 5%. Segmentos como “Combustíveis e Lubrificantes” e “Supermercados, Hipermercados, Alimentos e Bebidas” também mantiveram desempenho positivo.
Esse resultado evidencia a força de setores essenciais e de consumo recorrente, beneficiando-se tanto da recuperação pós-pandemia quanto das políticas de estímulo à demanda dos últimos anos. Mesmo diante das restrições de crédito, a população manteve consumo essencial aquecido, especialmente em supermercados.
Os segmentos que dependem menos de financiamento apresentaram desempenho mais robusto. Contudo, os desafios persistem para varejistas voltados a bens duráveis, que aguardam um ambiente mais favorável para o crescimento. O cenário sugere oportunidades para investimentos direcionados nesses setores mais resilientes.
Metodologia do indicador da Serasa Experian
O Indicador Serasa Experian de Atividade do Comércio acompanha o desempenho utilizando o volume de consultas mensais ao crédito em aproximadamente 6 mil estabelecimentos no Brasil. O processamento dos dados é feito por médias aparadas, eliminando extremos superiores e inferiores em 20%, o que aumenta a representatividade dos resultados.
As ponderações utilizadas seguem critérios rigorosos, baseados na Pesquisa Mensal de Comércio – Varejo Ampliado do IBGE. Isso assegura uma correspondência precisa entre o indicador e a movimentação real do setor comercial. Dessa forma, as variações detectadas têm um forte respaldo estatístico e oferecem suporte confiável para análises de mercado.
A atualização constante da base de dados e dos métodos estatísticos fortalece a credibilidade do Indicador. Os resultados fornecem subsídios importantes para decisões empresariais e políticas públicas voltadas ao crédito e ao consumo.
Perspectivas para o setor varejista
Apesar dos desafios impostos por taxas de juros elevadas e incertezas econômicas, a perspectiva para o varejo brasileiro permanece cautelosamente otimista. A manutenção de um mercado de trabalho aquecido e avanços nos salários reais contribuem para o fortalecimento do consumo básico e atenuam os impactos negativos das restrições de crédito.
Por outro lado, setores que dependem mais fortemente do crédito seguem enfrentando dificuldades para retomar crescimento mais intenso. Mudanças no cenário monetário, como possíveis reduções na taxa de juros, podem impulsionar a demanda e favorecer a retomada desses segmentos.
No geral, o equilíbrio entre adversidades e potencial de consumo sustenta expectativas moderadas de crescimento. A continuidade de ajustes econômicos e direcionamento de políticas públicas faz-se essencial para assegurar um ambiente favorável ao varejo ao longo do próximo semestre.
Fatores que podem influenciar o desempenho futuro
O desempenho do comércio varejista nos próximos meses dependerá fortemente de fatores externos e internos, como estabilidade política e possíveis alterações na política monetária. Mudanças no cenário internacional, oscilações cambiais e inflação são componentes que afetam o poder de compra da população.
A adoção de soluções digitais e novas estratégias de vendas, como a integração entre lojas físicas e comércio eletrônico, também tem potencial para impulsionar o setor. Varejistas atentos à inovação e à experiência do consumidor tendem a se destacar, mesmo em um cenário de restrições financeiras.
Iniciativas voltadas para educação financeira e ampliação do acesso ao crédito responsável podem contribuir para um ambiente de maior confiança e consumo sustentável. Tais ações, somadas ao acompanhamento de tendências do mercado, serão fundamentais para o desempenho do setor.
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Desafios e oportunidades para o varejo em 2025
Entre os principais desafios estão o alto custo do crédito e o enfraquecimento do consumo em segmentos dependentes de parcelamento longo, como automóveis e eletrodomésticos. A necessidade de inovação e adaptação rápida a mudanças no perfil do consumidor é fator chave para o sucesso do varejo.
Oportunidades surgem no fortalecimento dos canais digitais, na personalização da experiência de compra e no desenvolvimento de produtos mais alinhados à realidade econômica das famílias brasileiras. Setores que conseguirem inovar e diversificar sua oferta tendem a registrar melhor desempenho.
A resiliência demonstrada por setores essenciais indica espaço para crescimento, desde que haja estímulos adequados. Políticas públicas, crédito mais acessível e investimento em treinamentos podem colaborar para ampliar as oportunidades em 2025, consolidando uma base sólida para a expansão do varejo brasileiro.