O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu, nesta terça-feira (23), a 80ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York, com um discurso em defesa da democracia e da soberania. Seguindo a tradição, o Brasil foi o primeiro país a falar no encontro, que reúne líderes e representantes dos 193 Estados-membros da organização.
Lula declarou que “quando a sociedade internacional vacila na defesa da paz e soberania, as consequências são trágicas”. Sem citar os Estados Unidos, o presidente disse ainda que “forças antidemocráticas tentam subjugar instituições e sufocar liberdades, mas que o Brasil optou por resistir e defender a democracia”.
Ele acrescentou que “não há justificativa para medidas unilaterais e arbitrárias contra instituições e economia brasileiras”. O presidente recebeu aplausos da plateia ao dizer que “a democracia brasileira é inegociável”.
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A intervenção do presidente ocorreu após os discursos do secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, e da presidente da Assembleia Geral, Annalena Baerbock.
Lula esteve acompanhado da primeira-dama, Janja Lula da Silva, do assessor especial da Presidência Celso Amorim e dos ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública).
Trump surpreende e anuncia reunião com Lula
Logo após a fala de Lula, ao final de seu discurso, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, comentou que se encontrou brevemente com Lula e anunciou a possibilidade de uma reunião entre os dois na próxima semana.
Trump disse: “Lula parece um cara legal; eu gostei dele e só faço negócio com quem gosto. Tivemos uma boa química”.
O diálogo ocorre em meio à forte tensão entre Brasil e EUA, após o governo americano impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros e sancionar a autoridades do país com a Lei Magnitsky após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado.
Lula menciona condenação de Bolsonaro e defende STF
Lula destacou em seu discurso um momento para comentar sobre o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) que levou à condenação de Bolsonaro e aliados sob acusação de trama golpista.
Segundo o presidente, “a ingerência em assuntos internos conta com auxílio de uma extrema direita saudosa de antigas hegemonias”. Ele afirmou ainda: “Falsos patriotas arquitetam e promovem publicamente ações contra o Brasil. Não há pacificação com impunidade”.
“Diante dos olhos do mundo, o Brasil deu um recado a todos os candidatos a autocratas e àqueles que os apoiam: nossa democracia e nossa soberania são inegociáveis”, completou.
Pior momento da relação bilateral com os EUA
A fala de Lula ocorreu um dia após o governo dos EUA anunciar nova rodada de sanções contra cidadãos brasileiros, como reação à condenação de Bolsonaro. Além das tarifas, Washington impôs sanções financeiras ao ministro do STF Alexandre de Moraes.
De acordo com o governo brasileiro, este é o pior momento das relações bilaterais entre Brasil e Estados Unidos em 200 anos.
“Mesmo sob ataque sem precedentes, o Brasil optou por resistir e defender sua democracia, reconquistada há 40 anos pelo seu povo depois de duas décadas de governos ditatoriais”, disse Lula.
O presidente aproveitou o momento para criticar o uso de plataformas digitais para disseminação de insegurança e desinformação.
Ele declarou que “regular plataformas digitais não é restringir liberdade, mas garantir que, o que é ilegal no mundo real, seja tratado também no ambiente virtual”. E acrescentou que “o ataque à regulação das plataformas digitais serve para encobrir crimes”.
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Multilateralismo e defesa dos países pobres
No âmbito dos assuntos debatidos pela ONU, o presidente afirmou que o sistema internacional está marcado por “atentados à soberania, sanções arbitrárias e intervenções unilaterais”.
Ele defendeu uma revisão das prioridades globais, com menos gastos em guerras e mais apoio aos países pobres e sugeriu que “a comunidade internacional precisa aliviar o serviço da dívida externa dos países mais pobres”.
Lula critica conflitos internacionais
Lula também falou sobre a presença militar dos Estados Unidos no Caribe e enfatizou que ataques a embarcações associadas a traficantes, a partir da Venezuela, equivalem a execuções.
“Usar força letal em situação que não constitui conflito armado equivale a executar pessoas sem julgamento”, declarou. Ele também defendeu o diálogo com o governo venezuelano.
Em relação à guerra na Ucrânia, Lula disse que não há solução militar, que “É preciso pavimentar caminhos para uma solução realista”.
E finalmente sobre Gaza, Lula afirmou que “Nenhuma situação é mais emblemática do que o uso desproporcional da força na Palestina”.
Ele condenou os ataques do Hamas, mas destacou que os “atentados terroristas do Hamas são indefensáveis, embora nada justifica genocídio em Gaza. O massacre em Gaza não aconteceria sem cumplicidade dos que poderiam evitá-lo”.
Nesta segunda-feira (22), Lula já havia acusado o Conselho de Segurança da ONU de se omitir diante do “genocídio” em Gaza. Segundo ele, o poder de veto dos membros permanentes representa uma “tirania” que “sabota” a razão de existir da própria ONU.
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Agenda climática global e a COP30
Lula também fez referência à COP30, que será realizada em novembro em Belém (PA). Segundo ele, a conferência será uma oportunidade para líderes mundiais demonstrarem compromisso com o planeta e com políticas ambientais mais efetivas.
O presidente destacou que o Brasil sediará o encontro como forma de reforçar o papel do país na agenda climática global. Ele afirmou que a COP30 deve ser um momento decisivo para cobrar medidas concretas de preservação ambiental e de combate às mudanças climáticas.