Após algumas semanas em que o mercado brasileiro vinha apresentando desempenho superior ao de seus pares internacionais, esta semana foi marcada por perdas, sem que houvesse um fator específico capaz de explicar claramente tal movimento.
Nesta sexta-feira (3), o Monitor do Mercado traz mais uma edição do quadro “Semana em 5 Minutos”, resumo semanal direto e sem enrolação assinado por Gil Carneiro.
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“Evitar um problema é a melhor maneira de resolvê-lo” — Italo Eduardo.
Brasil: governo aprova isenção do IR e aumenta pressão fiscal
O Congresso Nacional aprovou, por unanimidade, o projeto de lei que isenta do Imposto de Renda (IR) rendas mensais de até R$ 5 mil. A medida atende a uma promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo estimativas, a renúncia fiscal será de R$ 25,8 bilhões por ano. O governo pretende compensar a perda de arrecadação com a taxação de 10% sobre rendas e dividendos acima de R$ 50 mil mensais, além de outras medidas.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, também defendeu a ideia de tarifa zero para o transporte coletivo urbano. O custo da proposta é estimado em R$ 60 bilhões anuais. O aumento das despesas públicas, somado ao déficit fiscal, preocupa analistas em relação à sustentabilidade da dívida.
Outro destaque político foi o anúncio do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, de que não disputará a Presidência em 2026, concentrando-se na reeleição estadual.
Mercado brasileiro e dados econômicos
O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) registrou a criação de 147 mil vagas de emprego em agosto, abaixo das expectativas de 160 mil. Apesar da desaceleração, a taxa de desemprego permanece em 5,6%, mínima histórica.
No setor público, o déficit primário consolidado foi de R$ 17,3 bilhões em agosto. Considerando os juros da dívida, que somaram R$ 74,3 bilhões, o resultado nominal equivale a 8% do PIB.
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A dívida bruta do governo geral atingiu R$ 8,145 trilhões em agosto, com crescimento de 2,45% em relação a julho. Projeções apontam que a relação dívida/PIB pode avançar de 71,7% no início do governo para 82,7% em 2026.
Entre analistas, há consenso de que uma reforma estrutural nas despesas obrigatórias será necessária em 2027 para conter a trajetória de alta do endividamento.
Estados Unidos: shutdown e mercado de trabalho
O governo americano enfrenta um novo episódio de paralisação parcial (shutdown). Este é o quarto desde 2013, geralmente de curta duração e impacto limitado sobre a economia.
O relatório ADP de setembro mostrou fechamento de 32 mil vagas no setor privado, frustrando expectativas de criação de 52 mil. Foi o segundo mês consecutivo de cortes.
Com isso, aumentaram as apostas de que o Federal Reserve (Fed) pode reduzir os juros já em outubro. O payroll, principal indicador do mercado de trabalho, não foi divulgado devido ao shutdown, limitando a avaliação do Fed sobre a situação do emprego.
Mercados: bolsas em direções opostas
O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, encerrou a semana em queda, refletindo preocupações fiscais e econômicas no mercado brasileiro. Já as bolsas de Nova York registraram alta, impulsionadas pelas empresas de tecnologia ligadas à inteligência artificial. O dólar manteve tendência de desvalorização global, mas permaneceu estável frente ao real.
Nos EUA, a taxa do Treasury de 10 anos recuou, acompanhando as apostas em corte de juros pelo Fed. No Brasil, a curva de juros futuros abriu, com alta das taxas em todos os vencimentos até 2030, sinalizando maior percepção de risco fiscal.
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Na Europa, o EuroStoxx50 também subiu. Na China, apesar do feriado prolongado, a Bolsa de Xangai fechou a semana em alta.
O ouro manteve valorização, acumulando quase 50% de alta no ano. Parte dos analistas já questiona se a valorização não estaria acima dos fundamentos. O petróleo, por sua vez, recuou, antecipando a reunião da Opep, em que os países produtores devem decidir sobre aumento de oferta.