A última semana no mercado financeiro foi marcada por uma realização de lucros no mercado de ações brasileiro e pela continuidade da força em índices internacionais. Para esta, investidores observam a trajetória das taxas de juros nos Estados Unidos e os dados de inflação (IPCA) no Brasil.
A análise é de Sérgio Ricciardi, sócio da Wiser | BTG Pactual, o panorama aponta a importância da diversificação de carteira, seja por meio de BDRs (Brazilian Depositary Receipts) ou EBRs (mecanismos de investimento internacional), como fator de proteção e aproveitamento dos movimentos de mercado. Confira:
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Desempenho do mercado financeiro
O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, registrou uma realização de lucros — movimento de ajuste após altas — de 0,86%, encerrando o período em 144.200 pontos. Em contraste, o S&P 500, atingiu uma nova máxima histórica, registrando alta de 1,08% e fechando em 6.716 pontos.
No mercado de renda fixa, o DI Futuro (contratos futuros de Depósito Interfinanceiro) demonstrou um leve estresse na semana anterior, com uma alta de 1,07%, fechando em 3.366. Já o IFIX (Índice de Fundos de Investimento Imobiliário) registrou uma alta de 0,17%, finalizando em 3.585 pontos.
O dólar encerrou com queda de 0,19%, próximo de R$ 5,30. O fator que mantém a moeda americana sob pressão é o diferencial de juros — diferença entre as taxas de juros praticadas no Brasil e nos Estados Unidos.
As treasuries (títulos de dívida) do Tesouro Americano de 10 anos apresentaram queda de 1,27%, fechando a 4.121 pontos.
Trajetória dos juros: Brasil e EUA
No Brasil, a inflação (IPCA) tem se mostrado mais controlado. A avaliação é que a taxa básica de juros (taxa Selic) está bem restritiva, o que, combinado com um diferencial de juros favorável, pode facilitar o início do corte da taxa básica. Embora as taxas longas futuras já estejam em queda, a taxa ainda não iniciou seu ciclo de redução.
Quanto às expectativas do Comitê de Política Monetária (Copom) para o Brasil, houve uma leve piora na matriz de expectativas, especialmente para o final de 2026. A previsão de taxa subiu da casa de 12,90% para 13,15%, indicando um estresse nas taxas longas que sugere um corte de 0,25 ponto percentual (p.p.) ao longo desse período.
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Nos Estados Unidos, o cenário de corte de juros pelo Fed está altamente consolidado. A probabilidade de um corte de 0,25 p.p. na taxa básica americana, movendo-a da faixa entre 4% e 4,25% para 3,75% e 4%, é de 96,7%. Essa probabilidade se consolidou de uma semana para outra.
Agenda econômica: IPCA, payroll e Fed
A agenda da semana será intensa no mercado financeiro, com dados importantes que devem influenciar a matriz de juros americana e as decisões do Copom no Brasil. Entre os destaques estão:
- Balança comercial (segunda-feira): são esperados números positivos, potencialmente acima de dois bilhões;
- Produção de automóveis (terça-feira): divulgação dos dados de produção;
- Ata do Fomc (quarta-feira): a publicação da ata do Federal Open Market Committee (o comitê de política monetária do Fed) será fundamental para obter maior clareza sobre a direção das taxas. Dados de investimento estrangeiro também serão divulgados.
- Dados de emprego e entrevista de Jerome Powell (quinta-feira): serão divulgados os dados semanais de emprego. Além disso, haverá uma entrevista com Jerome Powell, presidente do Fed;
- IPCA e payroll (sexta-feira): Será divulgado o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), a inflação oficial brasileira. Nos EUA, a sexta-feira é dia de payroll, relatório mensal de empregos norte-americano — que foi adiado em função do shutdown do governo.
Um feriado prolongado na China, que se estenderá até quarta-feira, também estará na agenda.