O mercado de câmbio doméstico foi impactado por uma nova onda de aversão ao risco global, refletindo o mergulho das bolsas em Nova York, a escalada das taxas dos Treasuries e o fortalecimento global do dólar. Dados acima do esperado do mercado de trabalho americano reforçaram a perspectiva de alta adicional da taxa básica pelo Federal Reserve, indicando a permanência dos juros em níveis elevados nos EUA por um período prolongado.
Dólar atinge R$ 5,15 em dia de aversão ao risco
Com sinal positivo desde a abertura, o dólar acelerou o ritmo de alta ao longo da tarde, seguindo a deterioração do ambiente externo, e atingiu o nível de R$ 5,16. Registrando máxima a R$ 5,1603, o dólar à vista encerrou o dia com alta de 1,73%, cotado a R$ 5,1543 – o maior valor de fechamento desde 28 de março (R$ 5,1648). Nos dois primeiros pregões de outubro, a moeda acumula uma valorização de 2,54%.
Cenário internacional e o fortalecimento do dólar
No exterior, o índice DXY superou novamente os 107.000 pontos, com sua força parcialmente contida pela valorização do iene à tarde. Especula-se que essa mudança de rota possa estar associada à intervenção das autoridades do Japão, após o dólar atingir o maior nível em relação à moeda japonesa desde outubro de 2022. A moeda americana registrou ganhos generalizados em relação a divisas emergentes e de países exportadores de commodities.
Impacto dos dados do mercado de trabalho americano
O relatório Jolts, divulgado pelo Departamento do Trabalho americano, revelou um crescimento surpreendente na abertura de postos de trabalho nos EUA, alcançando 9,61 milhões em agosto, superando as expectativas dos analistas (8,9 milhões). Esses dados aumentam a cautela em relação à divulgação da pesquisa ADP de emprego privado amanhã, 4, e do relatório oficial de emprego (payroll) de setembro, na sexta-feira, 6.
Treasuries em destaque e apostas em alta adicional da taxa básica
As taxas longas dos Treasuries avançaram consideravelmente, com o yield da T-note de 30 anos atingindo 4,94% na máxima, enquanto o retorno da T-note de 10 anos superou 4,80%, a primeira vez desde agosto de 2007. O CME Group relata um aumento nas apostas em uma alta adicional da taxa básica de juros pelo Federal Reserve.
Imagem: Piqsels