O Banco Mundial manteve sua estimativa de crescimento econômico do Brasil em 2,4% para 2025, mas prevê uma desaceleração para 2,2% em 2026, segundo o relatório “Empreendedorismo transformador para empregos e crescimento”, divulgado pela instituição nesta terça-feira (7).
As projeções do Banco Mundial estão acima das previsões do Banco Central, que estima um crescimento de 2% para este ano e de 1,5% para 2026.
As previsões do mercado financeiro, que trabalham com 2,16% e 1,8%, respectivamente, também ficaram abaixo dos cálculos do Banco Mundial. Já o Ministério da Fazenda mantém perspectivas mais otimistas de 2,3% para 2025 e 2,4% para 2026.
Em comentário sobre o desempenho dos países da América Latina, Susana Cordeiro Guerra, vice-presidente do Banco Mundial para a América Latina e o Caribe, disse que “os governos da região têm conduzido suas economias por meio de repetidos choques, preservando a estabilidade”.
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Banco Mundial aumenta previsão para América Latina
O Banco Mundial aumentou sua estimativa para o crescimento da América Latina e do Caribe para 2,5% em 2026, embora a região possua o crescimento mais lento do mundo.
Segundo o relatório, esse perfil está associado à inflação persistente, ao alto endividamento e às crescentes incertezas decorrentes das políticas tarifárias dos Estados Unidos.
Para 2025, a expectativa foi mantida em 2,3%, o que representa uma ligeira melhora em relação aos 2,2% previstos no ano passado.
Queda de juros lenta e pouco espaço fiscal
Segundo o relatório, a queda das taxas de juros nas economias avançadas tem desacelerado, o que limita reduções de juros na América Latina e retarda o alívio necessário para famílias, bancos e contas fiscais dos governos.
O Banco Mundial também destacou que o investimento público e privado continua deprimido. Além disso, o dinamismo esperado com o nearshoring (prática de transferir operações empresariais para países próximos) está paralisado devido ao aumento da incerteza global e à falta de preparação institucional nos países latino-americanos para atrair novas operações.
A instituição alerta ainda para a falta de espaço fiscal na região, o que reforça a importância de melhorar a eficiência dos gastos públicos e repensar as formas de arrecadação.
Segundo Guerra, “agora é o momento de continuar a construir sobre essa base, acelerando as reformas para melhorar o clima de negócios, investir em infraestrutura favorável e mobilizar o capital privado”.
Banco Mundial alerta sobre barreiras estruturais
O Banco Mundial também chamou atenção para entraves históricos que continuam a inibir o empreendedorismo na região, como infraestrutura precária, viés em favor de empresas já estabelecidas e educação deficiente em todos os níveis.
“As empresas querem contratar mais pessoas, mas não conseguem obter os trabalhadores”, afirmou William Maloney, economista-chefe do Banco Mundial para a América Latina e o Caribe.
“É uma combinação do sistema escolar e do sistema de treinamento que não está fazendo isso direito”, completou.
Desempenho dos principais países da América Latina
A economia do México deve crescer 0,5% em 2025, acima da previsão anterior de 0,2%, e acelerar para 1,4% em 2026, de acordo com o Banco Mundial.
Na Argentina, que segue como a economia de crescimento mais rápido entre as maiores da região, a estimativa para 2025 foi reduzida de 5,5% para 4,6%, e para 2026, de 5% para 4%.
Já a Bolívia deve apresentar contração econômica tanto neste ano quanto no próximo, o que representa um desafio para o vencedor do segundo turno das eleições presidenciais, marcado para 19 de outubro.
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O Banco Mundial destacou que, embora os preços estejam mais estáveis, as metas de inflação ficaram mais difíceis de atingir e as taxas de juros estão caindo mais lentamente.
O relatório aponta ainda que a incerteza sobre as políticas comerciais globais, especialmente em meio às tarifas impostas pelos Estados Unidos, tem afetado o investimento em todos os setores da economia regional.
De acordo com o documento, essas políticas aumentam os custos de transação, reduzem o comércio e criam um ambiente menos favorável para o investimento estrangeiro direto, o que prejudica o potencial de crescimento de longo prazo.