A Ambipar (AMBP3) pode formalizar um pedido de recuperação judicial já na próxima semana, segundo fontes ouvidas pelo Valor Econômico. A solicitação deve ser feita em um tribunal do Rio de Janeiro e marca o agravamento da crise financeira da companhia.
Desde o fim de setembro, quando a Ambipar obteve uma medida cautelar que suspende temporariamente a cobrança de credores, os papéis despencaram na Bolsa brasileira, chegando a patamares abaixo de R$ 1. Nos últimos 30 dias, a queda é de 93,92%.
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Pedido de recuperação judicial na próxima semana
O plano de recuperação está sendo estruturado com o apoio de assessores financeiros e jurídicos. O pedido deve ocorrer ainda em outubro — provavelmente já na próxima semana —, embora o cronograma possa mudar conforme o andamento das negociações com credores.
A proteção emergencial concedida pelo Judiciário no mês passado tem validade inicial de 30 dias e pode ser prorrogada por mais 30.
A medida foi solicitada após a Ambipar alegar risco de colapso financeiro, com a possibilidade de que cobranças de credores desencadeassem cláusulas de vencimento antecipado em sua dívida.
Os papéis de dívida da companhia, negociados em dólar, despencaram em setembro em meio a investigações sobre práticas de compliance (conformidade regulatória), alertas de agências de classificação de risco e mudanças na alta administração.
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Disputa da Ambipar com o Deutsche Bank se intensifica
No centro da crise está uma disputa com o Deutsche Bank, que tenta derrubar a proteção judicial obtida pela Ambipar.
A instituição entrou novamente com pedido na Justiça para suspender a medida cautelar e declarou que pretende obter autorização para antecipar o vencimento de contratos de derivativos — instrumentos usados para proteger operações contra oscilações cambiais.
O banco também contestou a justificativa apresentada pela Ambipar sobre a incapacidade de pagar R$ 60 milhões, questionando a existência de um caixa de R$ 4,7 bilhões no último balanço. Segundo o Deutsche, a empresa estaria utilizando os derivativos como “cortina de fumaça” e não esclareceu as razões reais para o pedido de proteção.
“O Grupo Ambipar até agora não explicou o verdadeiro motivo por trás da cautelar, que certamente não corresponde à falsa narrativa apresentada”, afirmou o banco em documento assinado pelos escritórios Pinheiro Neto e Bermudes Advogados.
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Dívida bilionária e desconfiança no mercado
O Deutsche também levantou dúvidas sobre a real situação financeira da empresa, afirmando que o “problema parece ser muito mais profundo” e pedindo investigação do caixa declarado.
Caso o vencimento antecipado dos derivativos seja autorizado, o valor envolvido seria inferior a R$ 345 milhões — montante considerado pequeno frente ao passivo total da Ambipar, estimado em R$ 10,2 bilhões.
A instituição financeira acrescentou ainda que as operações cambiais foram aprovadas pelo conselho de administração, rebatendo a versão da Ambipar de que os contratos haviam sido assinados isoladamente pelo ex-diretor financeiro João Arruda.