No Brasil, o destaque foi a derrota do governo com a Medida Provisória (MP) 1.303, que caducou após não ser votada pelo Congresso. A proposta seria uma alternativa ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), também barrado pelos parlamentares. Sem essa fonte de receita, o Planalto deverá adotar medidas drásticas para sustentar sua agenda de gastos em 2026, o que reacendeu as preocupações fiscais entre investidores.
Já nos Estados Unidos, a paralisação do governo (shutdown), que tem atrasado até mesmo a divulgação de indicadores econômicos importantes, ainda não afetou o humor dos investidores. O apetite por risco segue concentrado nas empresas de tecnologia, impulsionado pelas perspectivas de crescimento ligadas à inteligência artificial (IA).
Nesta sexta-feira (10), o Monitor do Mercado traz mais uma edição do quadro “A Semana em 5 Minutos”, resumo semanal direto e sem enrolação assinado por Gil Carneiro.
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“Vale a pena repetir: vencedores constroem pontes. Perdedores, paredes” – Frank Underwood (House of Cards).
Brasil: MP que caducou cria rombo de R$ 31,4 bilhões
A MP 1.303 perdeu a validade após ser retirada da pauta de votação no Congresso, resultando em perda de arrecadação estimada em R$ 31,4 bilhões entre 2025 e 2026. A medida representava uma das principais apostas do governo federal para reforçar o caixa em um período pré-eleitoral.
Com o fim da MP, o governo agora precisa decidir entre quatro caminhos: cortar gastos, rever a meta fiscal, criar ou elevar impostos ou buscar soluções no Judiciário.
Cortar despesas seria politicamente difícil em um ano eleitoral, e uma revisão da meta fiscal pode ser interpretada pelo mercado como sinal de enfraquecimento do arcabouço fiscal — o conjunto de regras que define limites e metas para o controle das contas públicas.
Entre as alternativas em discussão, o governo pode recorrer novamente ao Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Cristiano Zanin reabriu uma ação que questiona a prorrogação da desoneração da folha de pagamentos, aprovada em 2023. O impacto fiscal dessa medida é semelhante ao valor que seria obtido com a MP 1.303, o que torna o tema relevante para investidores atentos ao risco fiscal.
Inflação desacelera, mas cortes de juros devem demorar
O Boletim Focus do Banco Central (BC) mostrou ligeira queda na projeção de inflação para 2024, de 4,81% para 4,80%, e manutenção da expectativa de crescimento do PIB em 2,16%. Apesar da leve melhora, os analistas ainda veem inflação acima da meta (3%) até 2027.
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O IPCA de setembro avançou 0,48%, abaixo das expectativas do mercado (0,52%). Com isso, a inflação acumulada em 12 meses ficou em 5,17%. O dado foi considerado positivo por analistas, pois os núcleos de inflação — que excluem itens voláteis — vieram abaixo da média histórica.
Mesmo com a trégua nos preços, o mercado já não espera novo corte da taxa Selic neste ano. O tom mais conservador do presidente do BC, Gabriel Galípolo, tem levado agentes a projetar uma redução de juros apenas no início de 2026, devido à preocupação com o risco fiscal e à desancoragem das expectativas de inflação (quando o mercado passa a duvidar que a meta será cumprida).
EUA: Ata do Fed mostra divisão sobre cortes de juros
A ata da última reunião do Federal Reserve (Fed) revelou divergências internas sobre o ritmo de flexibilização monetária. Enquanto dez membros do comitê defendem dois cortes de juros até o fim do ano, nove projetam apenas um ou nenhum movimento.
A incerteza decorre de sinais mistos na economia americana: inflação ainda elevada e mercado de trabalho em desaceleração. O dado mais importante para a decisão do Fed, o payroll (relatório de empregos), não foi divulgado devido à paralisação do governo, dificultando a leitura do cenário econômico.
A continuidade do shutdown (fechamento parcial da máquina pública) pode gerar impactos diretos sobre a atividade econômica, como suspensão de salários de servidores e interrupção de serviços essenciais.
Mercado reage à MP; dólar sobe
O mercado financeiro brasileiro ampliava as perdas nesta sexta-feira (10), com investidores acompanhando de perto as movimentações do governo após a derrota da MP 1.303. Mesmo com queda de 7 pontos-base no contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027, os títulos do Tesouro subiram em suas taxas, refletindo maior percepção de risco fiscal.
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O dólar registrou forte valorização na semana, enquanto o ouro atingiu nova máxima histórica, ultrapassando US$ 4.000 por onça-troy — o maior patamar desde o fim do padrão-ouro na década de 1970. O movimento reflete busca por proteção diante de incertezas políticas e fiscais, tanto nos EUA quanto no Brasil.
No cenário internacional, o acordo de paz entre Israel e Hamas reduziu o risco de escalada no Oriente Médio e contribuiu para a queda do preço do petróleo.