As commodities agrícolas operaram sob forte volatilidade nesta sexta-feira (10), após a nova ameaça do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de impor tarifas adicionais sobre produtos chineses.
A fala de Trump reacendeu temores de desaceleração econômica global e derrubou os preços do petróleo, o que impactou diretamente soja, milho e café. O petróleo WTI para novembro encerrou o dia em queda de 4,24%, aos US$ 58,87, após a confirmação do cessar-fogo em Gaza.
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O cenário de menor consumo e menor apetite por risco nas bolsas internacionais aumentou a aversão ao risco e elevou o dólar, que subiu mais de 2% no Brasil.
Segundo análise de Guto Gioielli, fundador do Portal das Commodities, a combinação entre petróleo mais barato e dólar forte tende a reduzir os preços de produtos agrícolas, especialmente aqueles usados na produção de biocombustíveis, como soja e milho. Confira a análise na íntegra:
Soja e milho recuam após Trump e petróleo mais fraco
A soja foi uma das commodities mais pressionadas, caindo para a mínima de US$ 10,02 por bushel em Chicago. O movimento foi puxado pela queda no óleo de soja, que recuou 0,90%, e pelo impacto do petróleo mais barato, que reduz a competitividade do biodiesel — combustível derivado da soja.
O milho acompanhou o movimento de baixa, influenciado também pelo etanol, que concorre com os combustíveis fósseis. O contrato mais negociado chegou a tocar US$ 4,12 por bushel, após oscilar entre US$ 4,13 e US$ 4,19 durante o pregão.
Gioielli explica que o milho ainda pode encontrar suporte se o dólar continuar valorizado, barateando o produto brasileiro no mercado internacional. “Com o dólar subindo mais de 2%, o milho fica mais competitivo para exportação, mas uma desaceleração mais forte da economia global pode limitar essa vantagem”, afirmou.
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Café e boi sentem impacto do câmbio
O aumento do dólar, que chegou a R$ 5,52, também mexeu com o mercado de café. A valorização da moeda americana torna o produto brasileiro mais barato para compradores externos, o que pode pressionar os preços nas bolsas internacionais.
O café teve um pregão misto, com queda em Nova York, mas ajustes pontuais nas operações domésticas. “O dólar alto torna o café mais competitivo, mas o movimento de curto prazo foi de realização de lucros após as recentes altas”, observou Gioielli.
O boi gordo seguiu relativamente estável, com o contrato futuro (BGI) encontrando suporte técnico próximo de R$ 308 por arroba. O analista vê espaço para recuperação gradual, desde que o câmbio estabilize e a demanda de frigoríficos permaneça firme.