As exportações da China tiveram um crescimento acima do esperado em setembro, com o maior impulso da demanda global. Os envios para outros países aumentaram 8,3% na comparação com o mesmo mês do ano anterior, de acordo com dados divulgados pela Administração Geral de Alfândegas da China.
Os dados superaram a previsão do mercado de 6,6% e marcam o melhor resultado desde março. Em agosto, foi registrado um aumento de 4,4% das vendas externas.
Apesar dos números acima das expectativas, o mercado asiático segue pressionado após a nova disputa comercial entre Pequim e Washington na última sexta-feira (10) reacender as preocupações com o emprego e o risco de deflação.
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Xu Tianchen, economista sênior da Economist Intelligence Unit em Pequim destacou: “Os Estados Unidos representam atualmente menos de 10% das exportações diretas da China; sem dúvida, tarifas de 100% aumentariam a pressão que o setor de exportação da China está sofrendo, mas não acho que o impacto será tão grande quanto antes”.
Xu acrescentou que “as empresas chinesas estão entrando ativamente em novos mercados com a vantagem relativa de custo de seus produtos”.
Importações da China também surpreendem
As importações no mês também surpreenderam, com avanço de 7,4%, bem acima da alta de 1,5% registrada no mês anterior e da estimativa de mercado, que projetava ganho de 1,5%.
Os números indicam uma aceleração simultânea de exportações e importações, sinalizando uma maior atividade comercial global e doméstica.
Superávit comercial e principais destinos da China
O superávit comercial da China caiu para US$ 90,45 bilhões em setembro, contra US$ 102,33 bilhões no mês anterior e abaixo da previsão de US$ 98,96 bilhões, refletindo a alta nas importações e uma leve perda de fôlego nas exportações para mercados tradicionais.
As exportações para os Estados Unidos, principal destino de produtos chineses, somaram US$ 34,3 bilhões (cerca de R$ 190 bilhões), valor 8,6% superior ao do mês anterior (US$ 31,6 bilhões), apesar das tarifas de Trump.
Ainda assim, houve queda de 27% em relação a setembro do ano passado, reflexo direto da atual tensão comercial entre as maiores potências econômicas do globo.
Enquanto isso, as remessas destinadas à União Europeia, ao Sudeste Asiático e à África cresceram 14%, 15,6% e 56,4%, respectivamente, mostrando uma diversificação crescente das rotas comerciais chinesas.
Ameaça dos EUA com tarifas de 100% reacende disputa
Apesar dos dados positivos, o cenário comercial global voltou a ficar sob tensão. No último fim de semana, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou impor tarifas adicionais de 100% sobre produtos chineses, reacendendo a guerra comercial.
A medida, se confirmada, deve entrar em vigor em 1º de novembro e pode causar um choque deflacionário na China, atingindo principalmente os exportadores menores e os empregos industriais.
Pequim reagiu chamando a ameaça americana de “exemplo típico de dupla moral”, mas evitou uma escalada imediata, pedindo que as diferenças sejam resolvidas por meio de negociações bilaterais.
Trump, por sua vez, amenizou o tom neste domingo, afirmando nas redes sociais que seu país “quer ajudar a China, não prejudicá-la”.
As ameaças ocorreram após Pequim anunciar novos controles sobre exportações de terras raras e ímãs (insumos essenciais para setores como o automotivo, aeroespacial e de energia verde).
A China é o principal fornecedor global desses materiais, o que lhe dá vantagem estratégica na disputa comercial. Caso as restrições sejam mantidas, cadeias produtivas globais podem ser paralisadas ou encarecidas.
Analistas apontam que essa movimentação chinesa aumenta o risco de retaliação americana, elevando as chances de uma escalada na guerra comercial.
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Mercados da Ásia reagem com volatilidade
A ameaça tarifária repercutiu nas bolsas asiáticas. O índice Xangai Composite, principal termômetro do mercado chinês, chegou a cair 2,5% na abertura do pregão nesta segunda-feira, mas recuperou parte das perdas, fechando em baixa de 0,2%.
O CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, recuou 0,5%, enquanto o Hang Seng, da Bolsa de Hong Kong, encerrou com queda de 1,52%, após perder até 3,5% durante o pregão.









