O Grupo Ambipar entrou com pedido de recuperação judicial na 3ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro nesta segunda-feira (20), com dívidas que somam R$ 10,481 bilhões.
Do total, R$ 10,439 bilhões são dívidas quirografárias — aquelas sem garantia real —, R$ 35,9 milhões com fornecedores e R$ 6,3 milhões trabalhistas.
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A empresa de gestão de resíduos e atendimento a emergências ambientais já havia obtido em setembro uma decisão cautelar que a protegia de cobranças de credores.
O pedido formal de recuperação foi feito após a Ambipar (AMBP3) alegar risco de vencimento antecipado de dívidas em razão de contratos de derivativos firmados com o Deutsche Bank.
Ex-diretor é novamente apontado pela Ambipar
No processo, a Ambipar voltou a responsabilizar João Arruda, ex-diretor financeiro (CFO), pela assinatura de aditivos em contratos de derivativos com o Deutsche Bank.
Esses contratos, segundo a empresa, elevaram os depósitos de margem de garantia para R$ 170 milhões, o que teria pressionado o caixa e levado à necessidade de proteção judicial.
Arruda, que deixou o cargo pouco antes do episódio, nega ter assinado os aditivos. O Deutsche Bank também afirmou à Justiça que os documentos foram firmados por outros diretores estatutários da companhia.
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A Ambipar argumenta que, sem a medida, haveria risco de vencimento antecipado de uma dívida de US$ 35 milhões com o Deutsche Bank e de US$ 120 milhões com o Santander, além de impactos sobre as debêntures e bonds internacionais, que somam US$ 1 bilhão.
Disputa sobre foro e atuação da Justiça
A companhia também defende que o processo seja conduzido na Justiça do Rio de Janeiro, apresentando provas de que sua sede está localizada na capital fluminense. A empresa anexou parecer do ex-juiz e professor Daniel Carnio, especialista em falências, reforçando o argumento.
Bancos credores como Bradesco, Itaú, Santander, Banco do Brasil, ABC Brasil e Sumitomo pediram a transferência do caso para São Paulo, alegando que a empresa teria simulado uma sede no Rio.
Pedido de Chapter 11 nos Estados Unidos
Paralelamente, a Ambipar Emergency Response, divisão de emergências do grupo, entrou com pedido de Chapter 11 nos Estados Unidos — mecanismo equivalente à recuperação judicial brasileira —, envolvendo apenas a subsidiária internacional.
Segundo comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) na noite desta segunda, o objetivo das medidas é preservar as atividades do grupo, manter empregos e garantir uma reestruturação ordenada das dívidas, conforme previsto na Lei nº 11.101/2005.
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Queda nas ações e crise de confiança
A crise afundou ainda mais o valor de mercado da Ambipar, com as ações caindo mais de 27%, negociadas a R$ 0,42, acumulando queda superior a 90% em 2025.
Os papéis da empresa foram retirados de todos os índices da B3, e os bonds internacionais perderam até 90% do valor.
A desconfiança se agravou após revelações sobre o uso de recursos em fundos de direitos creditórios (FDICs) e investigações da CVM, que apura possíveis irregularidades na compra de ações da própria empresa e na governança do grupo.
Em 2024, as ações da Ambipar voaram…
No ano passado, as ações da Ambipar chegaram a subir mais de 800%, o que levou a investigações da CVM sobre a atuação de seu fundador, Tércio Borlenghi Junior, na recompra de ações por meio do Banco Master e da corretora Trustee.
O órgão chegou a determinar a realização de uma oferta pública de aquisição (OPA), que acabou suspensa após mudanças na composição da autarquia.









