Ainda hoje, os mercados estão se adaptando à nova dinâmica causada pela paralisação econômica causada pela Covid-19, seguida por um intenso reaquecimento. “Tudo foi ‘tirado da tomada’. Em seguida, ligaram de novo, só que no 220V”, diz André Ribeiro, CEO da Wise Asset, em participação na sala trader do Portal das Commodities, nesta quarta-feira (22). Confira:
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O efeito Covid-19
Segundo Ribeiro, o cenário de incerteza já vinha se desenhando desde a crise do subprime em 2008. Desde então, os bancos centrais tiveram que intervir para resolver os problemas, o que levou a caminhos não percorridos na teoria econômica, como a adoção de juros negativos.
O Banco Central dos Estados Unidos (Fed) buscou gerenciar a liquidez do mercado, embora tenha tido dificuldades, necessitando reforçar a compra de títulos em certos períodos para evitar o pânico. A sensação era que o mercado já operava em um “território não percorrido”.
Em 2020, a chegada da pandemia da COVID-19 impôs uma nova dinâmica aos mercados que já estavam “totalmente inteirados”. A paralisação em todo mundo interrompeu os diversos ciclos econômicos que estavam em andamento. A resposta a essa paralisação foi um reaquecimento abrupto do sistema financeiro.
Esse movimento intenso foi impulsionado por duas frentes principais:
- Expansão fiscal: caracterizada pelo aumento dos gastos governamentais e pela injeção direta de dinheiro na economia. Nos Estados Unidos, houve a emissão de “cheque para tudo quanto é lado”;
- Afrouxamento monetário: medidas dos bancos centrais para reduzir as taxas de juros e aumentar a liquidez.
A combinação resultou em um endividamento elevado globalmente, juros em patamares baixos e, no Brasil, a ocorrência de juro real negativo — quando o retorno nominal de um investimento ou taxa de juros é inferior à taxa de inflação.
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Crescimento, tecnologia e volatilidade
Ribeiro também avaliou que o mercado global tem passado por transformações profundas desde a pandemia. O surgimento da inteligência artificial (IA) e a dominância das empresas de tecnologia — especialmente nos Estados Unidos — criaram novas dinâmicas de preço e concentração de capital.
“Há uma década, as empresas de crescimento (‘growth stocks’) vêm superando as de valor (‘value stocks’). No Brasil, temos menos companhias de tecnologia, o que limita nossa exposição a esse tipo de ativo”, disse.
O CEO destacou, porém, que o aumento do número de participantes e de operações automatizadas também trouxe mais volatilidade — ou seja, variações mais intensas nos preços — e movimentos de tendência mais prolongados.









