A indústria automotiva brasileira pode interromper suas linhas de produção nas próximas semanas por causa da escassez de semicondutores causada pelas disputas geopolíticas envolvendo as terras raras — essenciais para a fabricação de chips.
O alerta foi feito pelo presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Igor Calvet, em entrevista à Folha de S.Paulo. Segundo ele, montadoras de todo o país já começaram a receber notificações sobre possíveis interrupções no fornecimento de peças eletrônicas.
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“A nossa indústria pode começar a parar nas próximas duas ou três semanas”, afirmou.
Calvet explicou que cada carro moderno utiliza entre mil e três mil chips, responsáveis pelo controle de sistemas eletrônicos e de segurança. “Sem semicondutores, não há carro”, resumiu o presidente da Anfavea.
A CFO da SAS Brasil e mentora financeira, Adriana Melo, relembra que o alerta da Anfavea já é um “fantasma conhecido”. “Durante a pandemia, a falta de semicondutores paralisou montadoras, encareceu veículos e distorceu o preço de carros usados. Agora o gatilho mudou. Não é saúde pública, é geopolítica”, disse.
Crise global de chips
A crise se agravou após o governo holandês assumir o controle da fabricante Nexperia, subsidiária do grupo chinês Wingtech, sob suspeita de transferência indevida de tecnologia para a China.
Em resposta, Pequim restringiu a exportação de componentes e tecnologias produzidas pela Nexperia, afetando o fornecimento mundial. O Brasil, que importa praticamente todos os semicondutores que utiliza, sente o impacto da decisão.
Adriana explica que o agravamento da crise ocorre durante um momento em que o mundo vive uma corrida do ouro digital.
“Se no passado as ferramentas do garimpo eram as pás, as picaretas e até mesmo o jeans, hoje são os GPUs, o poder computacional, os modelos de IA e a litografia avançada”, completou.
Alerta da indústria e pedido ao governo
Segundo a Folha, o Sindipeças-Abipeças, que representa a indústria de autopeças, enviou uma carta ao vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, solicitando apoio diplomático junto ao governo chinês para garantir o fornecimento de componentes.
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O documento cita que montadoras como Volkswagen, Stellantis, GM, Toyota, Hyundai e BYD já enfrentam dificuldades.
“Há risco real de paralisação das linhas de produção, o que pode comprometer contratos de exportação e novos investimentos”, afirmou o sindicato.