Cinco das dez maiores empresas do Brasil são bancos: Itaú, Bradesco, Santander, BTG Pactual e Nubank. O dado, levantado pelo Monitor do Mercado, revela um contraste em relação a outras grandes economias.
Nos Estados Unidos e na França, por exemplo, não há nenhum banco entre as dez maiores companhias. Na China, são quatro. Na Índia e na Itália, três. O único país que supera o Brasil entre as 10 maiores economias do planeta é o Canadá, onde sete empresas do setor financeiro ocupam o topo da pirâmide corporativa.
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No novo episódio do Ligando os Pontos, Marcos de Vasconcellos, CEO do Monitor, mostra por que essa concentração diz muito sobre o futuro da economia brasileira. Confira:
Vasconcellos explica que o peso do sistema bancário demonstra que no Brasil o dinheiro circula, mas não se multiplica fora do setor financeiro. Isso significa que há forte intermediação de riqueza, mas pouco estímulo à criação de novos setores produtivos.
Em economias mais inovadoras, o topo das maiores empresas é ocupado por companhias de tecnologia e indústria, como Apple, Microsoft, Amazon e NVIDIA.
Força tecnológica do Brasil
O Brasil tem um sistema bancário avançado, com tecnologias financeiras reconhecidas mundialmente, como o Pix e os bancos digitais. Mas, segundo o levantamento, quando o setor financeiro cresce mais do que a economia real, a inovação tende a ficar sufocada.
Isso porque o crédito costuma ser direcionado para áreas de menor risco e maior retorno imediato — e não para projetos de inovação ou novos empreendimentos.
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O alerta do Nobel de Economia
O Prêmio Nobel de Economia de 2025 foi concedido a Philippe Aghion, Peter Howitt e Joel Mokyr, pesquisadores que estudam a relação entre inovação e crescimento econômico. Seus trabalhos reforçam a importância da chamada “destruição criativa”, conceito de Joseph Schumpeter: para o novo crescer, o velho precisa perder espaço.
A pesquisa destaca que o progresso tecnológico depende de ambientes que estimulem o aprendizado, a curiosidade e a tolerância ao erro — características ainda pouco valorizadas no Brasil.
Bancos precisam financiar o futuro
Para a economia avançar, os bancos devem atuar como um canalizador de recursos para a inovação, e não apenas como intermediário do consumo e da dívida. Hoje, no Brasil, o crédito se concentra em setores tradicionais, enquanto o investimento em pesquisa e desenvolvimento permanece limitado.
Segundo o CEO do Monitor do Mercado, com juros altos e concentração bancária, o país corre o risco de proteger o passado, em vez de financiar o futuro. O desafio é usar a força tecnológica e o capital disponível para abrir espaço ao novo.









